Saiba quem são Escobar e Gordão, articuladores do PRTB de Marçal investigados por associação ao PCC

Articuladores do partido de postulante ao cargo de prefeito da capital paulista trocaram carros de luxo por entorpecentes, segundo a Polícia Civil de São Paulo, que investiga o caso; Marçal nega relação com a dupla, que não se manifestou

PUBLICIDADE

Foto do author Heitor Mazzoco
Foto do author Marcelo Godoy
Atualização:

O PRTB, partido do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) tem como articuladores informais dois acusados de trocar carros de luxo por cocaína para o Primeiro Comando da Capital (PCC), financiando o tráfico de drogas e dividindo os seus lucros, conforme revelou o Estadão nesta quarta-feira, 21. A legenda tem como candidato a prefeito o ex-coach Pablo Marçal, que nega qualquer relação com os dois acusados. São eles: Tarcísio Escobar de Almeida e Júlio César Pereira, o Gordão.

Em maio, o Estadão já havia revelado que a legenda foi presidida por Escobar, indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação ao tráfico e ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Tarcísio Escobar comandou a legenda na esfera estadual em São Paulo por três dias em março deste ano. Posteriormente, ele foi substituído, junto à Justiça Eleitoral, pelo advogado Joaquim Pereira de Paulo Neto. Porém, Paulo Neto admitiu em vídeo que o presidente, de fato, era Escobar.

Tarcísio Escobar e Gordão, articuladores informais do PRTB citados em investigação policial Foto: Reprodução/Instagram via redes sociais

Escobar foi colocado na presidência estadual da legenda por Leonardo Alves Araújo, o Leonardo Avalanche, eleito presidente nacional do PRTB em fevereiro deste ano. Avalanche, ao ser questionado pelo Estadão, afirmou que Paulo Neto era o responsável pela entrada de Escobar no partido. “Após a convenção, Joaquim Neto insistiu para que o presidente nomeasse Tarcísio Escobar para conduzir o partido em São Paulo, o que foi um grande erro, corrigido rapidamente, três dias depois, ao se verificar que Tarcísio já cumpriu pena, responde por vários crimes, e não possui nem mesmo quitação eleitoral”, afirmou Avalanche, que respondeu em terceira pessoa.

Publicidade

PUBLICIDADE

Após “ruptura”, Escobar acusou Avalanche de deslealdade. Ele afirmou em vídeo que Avalanche “enganou, fingiu e atrapalhou” o PRTB em São Paulo. Michel Winter, do PRTB de Minas Gerais, disse no vídeo que a “família do PRTB não vai mais aceitar você”, em referência a Avalanche. “Nosso grupo empenhou muito em fazer o presidente do partido achando que você era homem de caráter.”

Uma investigação da Polícia Civil paulista aponta que Escobar trocou carros de luxo por entorpecentes para o PCC, financiando o tráfico de drogas e dividindo lucros com seu antigo sócio, Júlio César Pereira, o Gordão. Escobar e Gordão foram indiciados pela polícia em 2023. As investigações continuam. Tudo começou em 6 de agosto de 2020, quando os policiais apreenderam com Francisco Chagas de Sousa, o Coringa, dono de uma adega na zona leste de São Paulo, uma arma, drogas, um telefone celular e um pendrive. Segundo a polícia, no pendrive havia “material relacionado ao controle de integrantes do PCC”.

A 1.ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital autorizou a continuidade das investigações, que acabaram revelando que Coringa atuava “diretamente” no tráfico interestadual. Ele usava automóveis como forma de pagamento de drogas que adquiria no Paraná e para transportar entorpecentes aos seus “clientes”, traficantes “em larga escala” na Paraíba e em São Paulo. Nas conversas telefônicas de Coringa os policiais acharam ligações para Gordão.

Gordão era mais discreto politicamente e apareceu apenas em uma reunião do PRTB com o então pré-candidato a prefeito da cidade Ricardo Piorino (PL), hoje candidato. O encontro partidário ocorreu em abril deste ano. Por nota, Piorino afirmou que não há relação entre os integrantes do PRTB da cidade com os investigados. “Temos a informar que nossa coligação ‘Pinda Pra Frente’ é integrada pelo PRTB, todavia não existe nenhum outro vínculo que não seja político partidário. Tal esclarecimento se faz necessário pois estamos num período eleitoral e os fatos estão sendo deturpados por oportunistas concorrentes”, disse.

Publicidade

Depois da publicação da reportagem, Marçal comentou pelas redes sociais não pedir “certidão negativa de ninguém. Já tirei 20 mil fotos nessa campanha”. Em entrevista recente, antes do debate na TV Band, ele disse que Avalanche é quem devia explicações. Procurados, Escobar, Gordão não se manifestaram.

Veja a íntegra da reportagem do Estadão sobre a investigação que apontou a troca de carros de luxo por cocaína para o PCC por articuladores do PRTB.