BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta sexta-feira, 6, Esther Dweck como ministra interina dos Direitos Humanos após a demissão de Silvio Almeida, acusado de cometer assédios sexuais no governo. Quadro histórico do PT, Dweck também comanda o Ministério da Gestão e Inovação e vai acumular as duas funções até a nomeação de um novo chefe para a pasta deixada por Almeida.
A ministra foi uma das integrantes do governo que o petista ouviu antes de demitir Almeida. Com larga carreira na área econômica, ela não possui histórico acadêmico na área de Direitos Humanos.
O comando do Ministério chegou até após a secretária-executiva Rita Cristina de Oliveira, número 2 da pasta que iria ocupar o cargo interinamente, pediu demissão nesta sexta-feira, 7, em um gesto de solidariedade ao ex-ministro.
A ministra interina dos Direitos Humanos é economista e professora. Doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela chegou a dar aulas na instituição. Dweck também lecionou na Universidade Federal Fluminense (UFF) entre 2007 e 2009.
Dweck participou da autoria de dois livros, são eles: “Economia para poucos: impactos sociais da austeridade e alternativas para o Brasil” e “Economia pós-pandemia: desmontando os mitos da austeridade para construção de um novo paradigma”.
Integrante do quadro técnico do PT, Dweck atuou no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, onde foi chefe da assessoria econômica (2011-2014) e secretária de orçamento federal (2015-2016).
Após o fim dos governos petistas, ela foi assessora parlamentar do Senado. Em 2021, ela recebeu o prêmio Mulher Economista 2021 pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon).
Dweck foi anunciada como ministra do governo Lula em dezembro de 2022, após participar da equipe de transição do governo Lula, montada após as eleições daquele ano. Na liderança da Gestão e Inovação, a principal medida dela foi o anúncio e a realização do Concurso Nacional Unificado (CNU).
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Silvio Almeida foi demitido após denúncias de assédio sexual no governo
Lula decidiu demitir Silvio Almeida ao entender que a permanência do ministro no governo era insustentável. A exoneração ocorreu um dia depois da ONG Me Too afirmar, em nota, que ele foi denunciado por assédio sexual por pessoas ligadas ao governo federal. A organização omitiu o nome das denunciantes sob o argumento de que era preciso protegê-las, mas assegurou ter o consentimento das vítimas para expor o assunto.
Uma das mulheres que supostamente sofreram abusos cometidos por Almeida seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em nota publicada após a exoneração do ex-ministro, Anielle criticou tentativas de “pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade”. Ela também disse que vai colaborar com as investigações quando for acionada.
Silvio Almeida diz ser inocente e afirmou que vai apoiar a realização de “criteriosas investigações” sobre as denúncias de que é alvo. Ele cobra provas dos supostos assédios para poder se defender das acusações.
“Em razão da minha luta e dos compromissos que permeiam minha trajetória, declaro que incentivarei indistintamente a realização de criteriosas investigações. Os esforços empreendidos para que tenhamos um país mais justo e igualitário são frutos de lutas coletivas e não podem sucumbir a desejos individuais. Sou o maior interessado em provar a minha inocência. Que os fatos sejam postos para que eu possa me defender dentro do processo legal”, afirmou.
Almeida é o quarto ministro do governo Lula a cair desde o início do mandato. Ele e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias são os únicos demitidos por conta de denúncias veiculadas na imprensa.
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