PUBLICIDADE

Saída de ministro do TSE pode trazer impacto para Jair Bolsonaro; entenda

Ministro que votou pela absolvição do ex-presidente em processos envolvendo reunião de embaixadores e comemoração da Independência termina mandato na Corte eleitoral em setembro

PUBLICIDADE

Foto do author Karina Ferreira

Após troca de ministros no primeiro semestre, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve passar por mais uma mudança neste ano, com potencial de impactar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o fim do mandato do ministro Raul Araújo, em setembro, Bolsonaro perde na Corte eleitoral o ministro que votou pela absolvição do ex-mandatário nos dois processos que o tornaram inelegível até 2030.

PUBLICIDADE

Araújo integra a ala mais “conservadora” da Corte, formada por Isabel Gallotti, Nunes Marques e André Mendonça, os dois últimos indicados por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020 e 2021. O ministro é o atual corregedor-geral da Justiça Eleitoral, função que exerce até 6 de setembro deste ano.

Além de outras atribuições, é a Corregedoria que tem competência exclusiva para julgar Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes), que apuram casos de abuso de poder econômico ou político com intuito de conseguir votos.

Raul Araújo termina o mandato na Corte Eleitoral em setembro deste ano.  Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Quando assumiu o cargo de corregedor, Araújo herdou acervo de dez ações contra o ex-presidente, deixado pelo antecessor Benedito Gonçalves. Até aquele momento, ele já havia votado a favor do ex-presidente em dois processos. Um foi a ação sobre a reunião com diplomatas no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, em que Bolsonaro foi condenado à inelegibilidade por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O mesmo ocorreu na ação que condenou novamente o ex-presidente à inelegibilidade por abuso de poder político, abuso de poder econômico e conduta vedada por usar as comemorações do Sete de Setembro de 2022 para fazer campanha. O TSE só pune dentro dos limites das questões eleitorais, ou seja, um processo movido na Corte não pode resultar em prisão, por exemplo.

O ministro Antonio Carlos Ferreira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assumirá a cadeira deixada por Araújo em setembro. Indicado ao STJ pela então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2011, assume a vaga titular da qual era suplente. Ao contrário de Araújo, Ferreira votou pela punição do ex-presidente nos dois processos.

Nunes e Mendonça, os ministros indicados por Bolsonaro, serão presidente e vice-presidente do TSE em 2026, ano das próximas eleições presidenciais, o que pode beneficiar o ex-presidente, que, por enquanto, segue fora da disputa.

Publicidade

A Corte Eleitoral é formada por sete ministros titulares com mandatos de dois anos, passível de renovação. Três precisam ser do STF; dois, do STJ; e outros dois devem ser juristas provenientes da advocacia.

O assunto das mudanças no TSE foi mencionado pelo ex-presidente no evento de direita que ocorreu início do mês em Balneário Camboriú (SC). Na ocasião, Bolsonaro expressou ter esperança que a nova composição do TSE o beneficie e disse que assim será possível “fazer uma história melhor para todos nós”. No evento da cúpula direitista, o ex-chefe do Executivo também sinalizou que não desistirá de disputar as eleições de 2026, mesmo inelegível no momento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.