SÃO PAULO e FLORIANÓPOLIS (SC) – Estado com maior número de bloqueios nas rodovias no País, Santa Catarina tem 72 pontos de interdição até o final da tarde desta terça-feira, 1º, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, apesar de medidas judiciais determinarem a desobstruição de vias ao redor do País. Os protestos são organizados por bolsonaristas em protesto a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial. As interdições ocorrem em 39 em vias federais e 33 nas estaduais.
Além do despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autoriza que os Estados usem tropas da Polícia Militar na desobstrução de rodovias, a Justiça catarinense acatou um pedido do governo estadual e também determinou, na madrugada de terça, a desobstrução do tráfego de veículos.
A medida prevê multa de R$ 10 mil para os manifestantes que descumpram a medida e o uso “todas as medidas necessárias e suficientes ao resguardo da ordem”, inclusive “mediante o emprego da força pública”. Apesar disso, o governo de SC confirma que até o final da tarde não houve ações com uso da força por parte da Polícia Militar do Estado (PM-SC). A Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina (PRF-SC) diz que o uso de força “por enquanto, não foi preciso”.
Segundo a PRF-SC, às 6h de terça haviam 40 pontos de bloqueio totais ou parciais nas estradas federais em SC. Às 18:40h, eram 39. Segundo a PRF-SC, já ocorreram 17 liberações ao redor do Estado desde segunda, mas novos pontos vêm surgindo. “Ao longo do dia de hoje o número de pontos de bloqueio em SC chegou a cair para 35″, afirma a assessoria de imprensa da corporação. Nas rodovias estaduais, são 33 pontos de bloqueio, 22 liberados ao longo do dia de hoje, segundo a Polícia Militar Rodoviária estadual (PMRv-SC).
“Já começamos a orientação de determinação foi a conversação para uma adesão e uma liberação voluntária”, afirmou Marcelo Pontes, comandante-geral da PM-SC em coletiva de imprensa nesta terça. “A força será usada na medido que se faça necessário”, completou.
O governo catarinense diz que a ideia é conseguir a liberação das vias com base em negociações e montou um gabinete de crise com diferentes órgãos do governo para coordenar as ações com relação ao tema. Os atendimentos hospitalares e a distribuição de vacinas e remédios já estão sendo prejudicados em Santa Catarina desde o início das manifestações, informou a administração estadual.
Aliado de Bolsonaro, governador eleito condena protestos
“Eu sei da paixão e da dor que os bolsonaristas estão tendo neste momento, mas eu não concordo com manifestação. Quebradeira não constrói nada, não vai mudar nada”, declarou o governador eleito de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), a veículos de imprensa locais. Dos quatro candidatos do PL que disputavam o segundo turno, apenas Mello conquistou a vitória com quase 70% dos votos válidos. Mesmo assim, o futuro governador catarinense ainda não recebeu uma ligação do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) parabenizando-o pela vitória.
Em publicação na tarde de hoje, Mello afirmou concordar com o posicionamento de Bolsonaro, que depois de mais de 40 horas de silêncio se pronunciou sobre a derrota de domingo. O presidente condenou os métodos utilizados nos protestos ao redor do País. “Concordo com as palavras do Capitão que os nossos métodos jamais podem ser os mesmos daqueles que sempre prejudicaram a população, invadindo propriedades, destruindo patrimônios e prejudicando o direito de ir e vir”, escreveu.
Santa Catarina foi um dos primeiros Estados a organizar manifestações de caráter antidemocrático. Desde a noite de domingo, diferentes pontos de rodovias estaduais e federais, principalmente da BR-101, já apresentavam bloqueios.
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