Sem candidato próprio na cidade de São Paulo pela primeira vez em sua história, o PT vai priorizar a disputa por prefeituras no ABC Paulista nas eleições do ano que vem. Atualmente, o partido comanda dois dos sete municípios da região. Agora, o plano é expandir o número de prefeituras ao menos para três, com foco na reconquista de São Bernardo do Campo, município que foi governado pela legenda entre 2009 e 2016.
De acordo com dirigentes do PT, o partido não pretende lançar candidatos a todas as prefeituras da região. Por conta disso, vencer nas cidades que já são governadas pela sigla é considerado uma prioridade pelo diretório estadual.
Eleito em 2020, o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), é velho conhecido da população da cidade e tentará a reeleição. À frente da administração municipal por quatro vezes, ele vai concorrer ao quinto mandato no próximo ano. Com orçamento de R$ 2,4 bilhões, Diadema tem importância histórica para o PT, visto que o primeiro prefeito da legenda foi eleito na cidade em 1982.
Em Mauá, município governado quatro vezes pelo PT, a situação é parecida. O atual prefeito, Marcelo de Oliveira (PT), é pré-candidato à reeleição em 2024. Em Rio Grande da Serra, por sua vez, o PT deve apoiar a reeleição da prefeita Penha Fumagalli (PSD), que, no início deste ano, nomeou o petista Ramon Velasquez para a Secretaria de Relações Institucionais. À época, o gesto sacramentou a aproximação entre Fumagalli e o partido de Lula.
Já em Santo André e São Caetano do Sul, cidades atualmente governadas pelo PSDB, a avaliação de petistas é de que será difícil uma vitória na disputa pelo Executivo municipal. Por isso, a legenda vai concentrar esforços para aumentar o número de vereadores nas Casas legislativas. Ainda assim, não está descartada a possibilidade do partido lançar candidatos às respectivas prefeituras.
Comandada por Guto Volpi (PL) desde 2022, Ribeirão Pires é outra incógnita para o PT. Com somente uma vereadora na Câmara Municipal, o partido ainda avalia se disputará ou não a Prefeitura em 2024.
Lula e Alckmin podem ficar em lados opostos em São Bernardo do Campo
Berço político de Lula e a cidade mais rica do ABC, São Bernardo do Campo é considerada principal aposta do PT nas eleições municipais do próximo ano. O desejo de vencer no município já foi expressado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Sila (PT) em encontro com o pré-candidato da legenda, deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que se reuniu com o presidente na semana passada, em Brasília.
“Tive a grande honra de ser escolhido (para concorrer à Prefeitura). São Bernardo é uma cidade importante para o partido, é onde Lula acabou se fazendo (como um líder político nacional)”, conta Teixeira. A última vez que o PT governou o município foi entre 2009 e 2016, com a gestão de Luiz Marinho, hoje ministro do Trabalho. Desde então, São Bernardo é comandada por Orlando Morando (PSDB), que venceu Marinho no segundo turno das eleições de 2020. Na ocasião, o tucano conquistou 67% dos votos, ante 23% do petista.
Além do encontro com Lula, Teixeira se reuniu com Marinho e também com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), enquanto esteve na capital federal. Embora a agenda do deputado estadual com os ministros de Estado não fosse formalmente para tratar de questões eleitorais, há a expectativa de que membros do primeiro escalão participem ativamente da campanha de Teixeira no próximo ano.
Na avaliação do parlamentar, a corrida pela Prefeitura de São Bernardo deve repetir o clima de polarização visto nas eleições de 2022. Ele aposta que o candidato da situação deverá se enquadrar como um “bolsonarista raiz”. Conhecido por suas posições contrárias ao PT, o deputado federal Alex Manente (Cidadania) é um dos cotados para representar a situação no pleito do ano que vem. Parlamentar mais votado na cidade, ele já concorreu à Prefeitura em 2008, 2012 e 2016, quando chegou ao segundo turno e foi derrotado por Morando. Na última eleição, porém, os dois se aproximaram e Manente abriu mão da candidatura.
Contudo, outra particularidade do pleito no município é a possibilidade também existente de Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) acabarem em palanques opostos. Com Morando já em segundo mandato e em confronto com a direção nacional do PSDB, aliados e adversários calculam que o tucano possa lançar um candidato a sucessor em outro partido. O mais cotado é o deputado federal Marcelo Lima (PSB).
O parlamentar, que foi vice de Morando, se filiou ao PSB a convite de Alckmin e do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França. Eleito pelo Solidariedade, o deputado faz um movimento para a centro-esquerda, mas, ao mesmo tempo, busca servir de opção aos que são anti-Lula. No ano passado, por exemplo, ele apoiou Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo estadual, mas se manteve neutro no pleito presidencial.
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