Senado pode ter dois Renans a partir de 2023; Lira disputa com pai e filho comando de Alagoas

Renan Filho renunciou ao governo do Estado para tentar a vaga ao Senado; eleição-tampão para governador está travada na Justiça

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Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - A partir de janeiro de 2023, o Senado poderá ter dois Renans. Além do Calheiros, que foi relator da CPI da Covid, vive em guerra com Jair Bolsonaro e está no seu quarto mandato, o ex-governador de Alagoas Renan Filho, também do MDB e filho do senador, tem tudo para estrear na Casa de Salão Azul, de acordo com pesquisas de intenção de voto.

Renan Filho renunciou ao mandato, há um mês, para se candidatar ao Senado. Desde então, há uma guerra travada com o grupo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), para a escolha de seu sucessor numa eleição indireta, em mandato-tampão.

Renan Filho (MDB) renunciou ao governo de Alagoas no início de abril para disputar uma cadeira no Senado; agora, tenta influenciar o resultado da eleição para governador-tampão. Foto: Márcio Ferreira/Governo de Alagoas

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A briga ocorre porque Luciano Barbosa (MDB), que era vice de Renan Filho, já havia deixado o cargo em 2020, quando disputou e venceu a eleição para a prefeitura de Arapiraca. Quem está à frente do governo de Alagoas desde que Renan saiu é o presidente do Tribunal de Justiça, Klever Rêgo Loureiro.

Líder do Centrão, Lira desafia o domínio do clã Calheiros num dos Estados mais desiguais do País. O PP conseguiu suspender a eleição indireta para o governo de Alagoas ao obter uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. A eleição, que será realizada pelos 27 deputados da Assembleia Legislativa de Alagoas, estava marcada para esta segunda-feira, 2.

Diante do imbróglio, o ministro do STF Gilmar Mendes deu prazo de 48 horas para que a Assembleia Legislativa e o governo de Alagoas prestem informações. O candidato de Lira para o mandato-tampão é o senador Rodrigo Cunha (União Brasil). O clã Calheiros apoia o deputado estadual Paulo Dantas (MDB).

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“Arthur Lira não tem voto e por isso quer tirar a eleição da pauta. Ele está expondo o Supremo”, afirmou o senador Renan Calheiros ao Estadão. “Isso não é uma disputa política nem uma guerra judicial.”

Arthur Lira (PP-AL) quer eleger um aliado para o governo de Alagoas: o senador Rodrigo Cunha (União Brasil).  Foto: Paulo Sérgio/Agência Câmara

No Twitter, Lira citou o poema “No Meio do Caminho” de Carlos Drummond de Andrade para dizer que a “pedra” no caminho de Renan sempre foi e será a lei.

Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar a eleição para o Palácio do Planalto, Renan pode obter apoio do governo para comandar novamente o Senado. Renan Filho, por sua vez, é cotado para ocupar um ministério.

Questionado sobre a possibilidade de dois Renan circularem pelo Salão Azul, o senador lembrou que o mandato em família não é inédito. Kátia Abreu (PP), que foi ministra da Agricultura no governo da então presidente Dilma Rousseff, vai disputar em outubro a reeleição no Senado. Seu filho, Irajá Silvestre (PSD), por sua vez, ainda tem mais quatro anos de mandato.

Já Nilda Gondim (MDB), mãe de Veneziano Vital do Rêgo – vice presidente do Senado –, assumiu uma cadeira na Casa em fevereiro do ano passado, após a morte do senador José Maranhão.

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