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Senador que se destacou na CPI da Covid anuncia voto em candidato de Bolsonaro; PSDB apoia Marinho

Alessandro Vieira alega que eleição no Senado não pode ser tratada como disputa entre democracia e autoritarismo; líder do PSDB na Casa, senador Izalci Lucas afirma que maioria dos tucanos votará em Rogério Marinho contra Rodrigo Pacheco, mas sigla não fechou posição formal

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Foto do author Davi Medeiros
Por Marlos Ápyus e Davi Medeiros
Atualização:

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) anunciou que votará em Rogério Marinho (PL-RN), candidato apoiado pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, na eleição para a presidência do Senado, nesta quarta-feira, 1º. Vieira, que chegou a ser aventado como candidato da “terceira via” na disputa pelo Planalto em 2022, justificou o voto dizendo ser contra a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele afirmou, ainda, que não considera a eleição de amanhã como uma disputa entre “democracia e autoritarismo”, independentemente da ligação de Marinho com Bolsonaro. “Não tenho a menor pretensão de convencer ninguém, mas apontar o Marinho como representante dos golpistas que invadiram a sede dos Poderes me parece equivocado”, disse, em um grupo de Whatsapp.

Vieira participou ativamente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que contestou a gestão de Bolsonaro na pandemia, e chegou a defender publicamente o impeachment do ex-presidente. Na eleição presidencial, colocou seu nome à disposição do Cidadania, partido ao qual era filiado, para enfrentar Bolsonaro na corrida pelo Planalto. A candidatura não foi adiante, em meio às negociações para compor a federação entre PSDB e Cidadania, que acabou compondo a chapa que lançou Simone Tebet (MDB). À época, migrou para o PSDB.

Rogério Marinho (à dir.) é o candidato apoiado pela ala bolsonarista do Congresso para a eleição do Senado.  Foto: Marcos Correa/PR - 17/9/21.

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Veja a íntegra da mensagem de Vieira:

A tentação de separar o mundo em preto e branco é grande, mas em regra leva ao erro. Não tenho a menor pretensão de convencer ninguém, mas apontar o Marinho como representante dos golpistas que invadiram a sede dos Poderes me parece equivocado.

Procuro ser sempre muito claro nas minhas posições, até para viabilizar a fiscalização e crítica pela sociedade. Ao longo dos últimos 4 anos subscrevi pedido de impeachment do Bolsonaro, lutei para viabilizar via STF a CPI da Covid que o Pacheco engavetou, votei no Lula no segundo turno e tenho afirmado claramente que Bolsonaro deve ser responsabilizado criminalmente pela tentativa de golpe, além dos crimes cometidos durante o mandato. Esse conjunto de ações, que são públicas, mostram qual é o meu pensamento.

Com relação às eleições do Senado, considerando também o conjunto de ações da dupla Alcolumbre/Pacheco, entendo que é preciso evitar a reeleição. Respeito integralmente quem pensa de forma diversa, mas não estou na vida pública para deixar de seguir minha consciência.

Como mostrou o Estadão, parlamentares e militantes bolsonaristas estão fazendo uma campanha nas redes em apoio a Marinho e pressionando os senadores a não votarem em Pacheco. O candidato de oposição ao atual presidente da Casa tem o apoio expresso do ex-presidente, que, mesmo estando nos Estados Unidos, ligou para aliados, reforçou apoio a Marinho e pediu votos “contra o PT” no Senado.

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Na segunda, Vieira já havia sinalizado sua posição no Twitter, embora sem anunciar abertamente a adesão ao candidato bolsonarista.

PSDB

O líder do PSDB no Senado, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), afirmou ao Estadão que a maioria da bancada tucana votará em Marinho na eleição desta quarta-feira, 1º. Segundo o parlamentar, o adversário de Pacheco tem condições de dar à Casa uma “independência maior” em relação ao Executivo. O atual presidente do Senado é apoiado pelo PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, para conseguir a reeleição.

“Rogério (Marinho) já foi do PSDB e fará oposição ao governo, como o partido”, afirmou Izalci. “Marinho tem condições de dar ao Senado uma independência maior.”

O senador negou que o voto no candidato bolsonarista indique uma mudança de rumo dos tucanos ou apoio a Bolsonaro. “É muito mais pela ligação (de Marinho) com o PSDB do que com Bolsonaro”, afirmou.

Marinho era filiado ao PSDB quando exercia mandato de deputado federal. Ele saiu do partido em 2020. Foi ministro do Desenvolvimento Regional de Bolsonaro e, com o aval do ex-presidente, se filiou ao PL em 2022 para concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte, tendo saído vitorioso da eleição.

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