Mal saíram as primeiras notícias sobre as explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e a esquerda já dominava as redes, conseguindo pautar as conversas, ao colocar no centro das discussões, de forma negativa, a tentativa de anistiar os envolvidos no 8 de janeiro.
O episódio deu aos esquerdistas o impulso para voltar a associar o bolsonarismo a atos terroristas, sem que a direita conseguisse rebater os argumentos na mesma proporção. Assim, a ideia de atentado rapidamente se espalhou, apesar de direitistas defenderem a teoria de que o autor das explosões teria cometido suicídio.
A esquerda, aliás, já vinha dominando as conversações nos meios digitais, com a ideia da PEC que pretende acabar com a escala de trabalho 6x1, proposta pela deputada Erika Hilton, do PSOL. Esse assunto tem sido o mais comentado nos últimos dias, em posts que falam de política, pressionando o Congresso e levando o debate às pessoas comuns, o que torna praticamente inevitável que o tema seja discutido oficialmente pelos parlamentares.
Enquanto esses assuntos ganham destaque, a questão do corte de gastos do governo vai perdendo espaço nas publicações nas redes. A AP Exata analisou 420 mil publicações feitas no X, que mencionavam a PEC e o corte de gastos, entre os dias 7 e 14 de novembro. Observou-se que a questão da escala foi 2,7 vezes mais falada do que a necessidade do governo rever suas despesas.
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Ao manter temas como os direitos trabalhistas e o combate ao extremismo em evidência, a esquerda conseguiu engajar mais amplamente, neutralizando parte das críticas ao governo e ocupando um espaço que surge diante da fragmentação da direita, com a briga entre apoiadores de Bolsonaro e os denominados “intergalácticos”, que se reuniram em torno de Pablo Marçal.
Embora esse enfoque de comunicação possa reduzir temporariamente a pressão pública sobre as reformas fiscais, ele não elimina as expectativas do mercado financeiro e dos investidores, que aguardam ações concretas para o equilíbrio das contas públicas. Além disso, a prolongada ausência de um debate mais robusto sobre a austeridade fiscal pode aumentar a percepção de risco entre investidores, comprometendo a confiança e dificultando o financiamento das políticas públicas.
De qualquer forma, em termos políticos, a capacidade da esquerda de mobilizar temas de grande apelo social, e manter uma narrativa coesa em momentos de crise, fortalece sua presença na esfera pública digital.
Ao mesmo tempo, a dificuldade que a direita enfrenta, neste momento, para unificar seu discurso e reagir com a mesma intensidade limita seu alcance e influência, deixando um espaço que a esquerda tem sabido ocupar com precisão, algo que não vinha conseguindo fazer, mas que tem se estabelecido de forma acentuada.
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