O eleitor tem ainda muito claro na cabeça dele o fenômeno ocorrido em 2018, quando a eleição de Jair Bolsonaro como presidente mostrou que o eixo do debate político estava plenamente mergulhado no universo das redes sociais.
Seis anos depois, o cenário é muito diferente. A presença das pessoas nas redes ainda é massiva, mas, se antes as conversas no ambiente digital se davam em grupos e perfis com milhares de membros e seguidores, hoje está tudo muito mais fragmentado.
O cidadão apresenta uma fadiga da briga imposta pela polarização e resolveu se comunicar em microbolhas. Segue discutindo política fortemente, mas o faz em ambientes menos conflituosos. Portanto, agora é no mundo físico que a opinião pública passa a convergir de forma mais ampla, a partir do que se vê no nas ruas.
Quando uma pessoa sai de casa e observa que a cidade está bem cuidada, que as obras estão sendo realizadas e que o poder público está trabalhando, é o momento em que ela comenta sobre essas mudanças, em casa, no trabalho, nos momentos de lazer, e, assim, a informação acaba sendo compartilhada nas mais diversas bolhas digitais.
Prefeitos que alteraram o espaço público para melhor foram naturalmente reeleitos ou fizeram os sucessores. Os que não tiveram o cuidado adequado com as cidades e com os seus habitantes deram espaço a outros grupos políticos.
E é exatamente nesse cenário que se destaca umas das mais jovens capitais do Brasil, no norte do País. Macapá se transformou em capital em 1988, quando o Amapá deixou de ser território, para se tornar um Estado.
Foi em Macapá que o prefeito, Dr. Antônio Furlan, foi reeleito com o maior percentual de votos entre as capitais. 85,08% dos eleitores o escolheram. Conversamos com ele, para entender melhor a dinâmica que se estabeleceu sobre a cidade, que tanto agradou ao eleitor.
Furlan explica que, ao longo do seu mandato, qualificou os processos administrativos e entregou resultados concretos que os cidadãos podiam ver ao andar pela cidade: ruas pavimentadas, praças novas e revitalizadas, unidades de saúde funcionando melhor, e um trânsito mais organizado. Essa mudança no cenário urbano reforçou a confiança da população, que passou a perceber a gestão municipal não apenas como algo distante, mas como parte do dia a dia.
As redes sociais, que ainda têm um papel importante, serviram para que o prefeito pudesse entender melhor os desejos e necessidades dos moradores e ajudaram a complementar a percepção positiva do espaço público, mas sempre trafegando do real para o virtual, e não o contrário.
O balanço da gestão da cidade revela que, em quatro anos, foram entregues cerca de 150 obras. A prefeitura de Macapá pavimentou mais de 235 km de ruas e avenidas, construiu e reformou 25 praças, pôs de pé 12 novas unidades de saúde e reformou dez. Na área ambiental, o prefeito fala, com orgulho, que plantou mais de 20 mil árvores. Investiu até mesmo na saúde animal, com mais de 77 mil atendimentos no hospital veterinário da cidade. Ainda fez dez novas creches, sendo que antes de assumir havia apenas duas, e construiu ou reformou 27 escolas.
Dr. Furlan explica que focou nas pessoas. Lembra que a recuperação e criação de áreas de lazer, fizeram girar a economia. “Os moradores passaram a sair mais de casa, o comércio se beneficiou e novos empreendimentos surgiram”, diz.
O prefeito, adepto do esporte, contou que foi correr em uma das áreas de lazer que recuperou, mas não conseguiu, pois foi parado mais de dez vezes para cantar parabéns junto às famílias que agora ocupam o espaço público para comemorar até mesmo aniversários. Referiu que sente que está cumprindo sua obrigação como gestor. Não foca em polarização, mas sim no pragmatismo de administrar, o que provocou uma avalanche de votos.
Macapá o exemplo mais proeminente de que a eleição de 2024 mostrou que os grupos políticos que permanecem à frente de suas cidades são aqueles que conseguiram aliar a gestão eficiente com a melhoria do espaço urbano, pois, quando as obras e serviços impactam diretamente a qualidade de vida dos cidadãos, de forma positiva, a confiança se renova.
O eleitor, cansado de disputas ideológicas, passou a valorizar quem demonstra compromisso com o bem-estar coletivo. Isso confirma que o que se vê nas ruas tem grande peso sobre as discussões no ambiente virtual.
As mídias sociais devem ser usadas para que o gestor conheça as necessidades reais da cidade, e não apenas para publicar posts bem editados que, apesar de serem muito importantes, não são mais relevantes do que os resultados práticos e visíveis, que mudam a vida de todos e que fazem com que o cidadão, naturalmente, comente sobre os investimentos em suas redes.
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