Em entrevista ao Jornal da Globo, na noite de terça-feira, 31, o candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), classificou de "ato criminoso" a quebra do sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra, e culpou diretamente a campanha de Dilma no episódio. Ele disse também que, se eleito, não deverá fazer novas privatizações, mas defendeu aquelas que foram feitas durante o governo do também tucano Fernando Henrique Cardoso.
Dilma Collor
O tucano culpou diretamente a campanha de Dilma pelo caso, que chamou de "ato criminoso", disse que Dilma "aprendeu com Collor" a usar o filho dos adversários na campanha e que o PT é "especialista em mentiras".
"Utilizar filho dos outros para ganhar a eleição, é uma coisa que eu só tinha visto o Collor fazer com o Lula, lembra?", questionou o candidato. "Agora, a turma da Dilma está fazendo a mesma coisa, pegando a minha filha, que é uma mãe de três filhos, trabalhadora, para tentar fazer chantagem. Aliás, quem sabe ele tenha transferido a tecnologia", acrescentou. "Se eles fazem isso campanha, imagina o que vão fazer se ganharem as eleições", disse ainda o tucano.
"A Dilma, aliás, tá repetindo aquilo que o Collor fez, e mais, agora o Collor tá do lado dela, e quem sabe ele tem feito a transferência da tecnologia para ela", diz o tucano.
Serra afirmou ainda que os dados do Imposto de Renda já estavam aparecendo em "blogs sujos do PT" desde o ano passado e que sua filha falou que acreditava que estavam vasculhando seu IR. "É um jogo sujo, é um jogo baixo", classificou. O candidato classificou como "mentira descarada" a alegação da Receita de que acessou os dados com autorização de sua filha.
Privatizações
O tucano afirmou que, se eleito, não deverá fazer novas privatizações, mas por outro lado elogiou o que foi feito durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Não tem o que privatizar no horizonte", sustentou. "O caso mais bem sucedido de privatização, no Brasil, foi telecomunicações, que o Lula já elogiou, que a Dilma já elogiou e que todo mundo já elogia".
Ele aproveitou o tema para criticar o uso de empresas públicas por grupos políticos e citou como exemplo o recente escândalo envolvendo os Correios. "Eles fizeram um tipo de privatização, de entregar os ECT, que era uma empresa eficiente, para grupos políticos, que ficam lá montando negócios. É um escândalo atrás do outro. Ou seja, usam o Correios para fins privados", acusou o candidato tucano. "Ela é muito pior que qualquer outra."
Ele também se comprometeu a combater as indicações políticas para cargos de direção de estatais, como na Petrobrás, que segundo ele têm sido usados para fazer "negócios" e para "favorecer amigos". "Eu vou desprivatizar toda a administração pública. Inclusive as empresas", salientou o tucano. "O que é publico vai continuar sendo público e não vai ser um loteamento usado pelos políticos."
Câmbio
José Serra adiantou que pretende fazer alterações no câmbio, que estaria sobrevalorizado, porém mantendo o atual sistema de câmbio flutuante. Ele acha que a valorização do real tem prejudicado a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. "Hoje do jeito que está, não conseguimos vender lá fora. E mais ainda, a produção no Brasil vai sofrendo uma concorrência absolutamente injusta", reclamou. O tucano afirmou que isso só será possível com a redução dos juros "siderais" atualmente praticados no País.
Juros
O candidato tucano José Serra prometeu que, se eleito, aproveitará a sua própria experiência como economista para montar uma equipe econômica "entrosada", evitando que cada um "atire para um lado", referindo-se aos conflitos existentes entre a equipe econômica do governo e o Banco Central. Ele adiantou que pretende fazer alterações no câmbio valorizado está relacionado às altas taxas de juros e aproveitou para, mais uma vez, criticar Dilma Rousseff que teria dito que os juros, ainda altos, estariam convergindo para as taxas praticadas no restante do mundo.
"Ao contrario do que a Dilma disse aqui ontem, está aumentando a distancia em relação ao resto do mundo, e não convergindo. O que é um absurdo completo e uma falta de informação", alfinetou. Segundo ele, essa política tem levado a um crescimento vertiginoso do déficit externo, "o maior da história do Brasil". E completou: "Isso não tem reflexo a curto prazo, mas pode ter no ano que vem, no outro e no outro."
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