BRASÍLIA - O servidor público concursado Luis Ricardo Miranda, que denunciou à CPI da Covid um esquema fraudulento de compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e foi perseguido e ameaçado, foi reintegrado à Pasta, na mesma função que já ocupava. Ele retornou ao cargo de assessor na Secretaria Executiva do ministério.
A portaria, assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 15 de fevereiro e comemorada pelo senador Randolfe Rodrigues, que foi vice-presidente da CPI da Covid durante o governo Jair Bolsonaro - o grande alvo da CPI. Randolfe agora é líder do Governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
“Final feliz! Tudo valeu a pena!”, disse o senador ao Estadão, lembrando que, após denunciar atos de corrupção no Ministério da Saúde, Luis Miranda foi ameaçado, teve de entrar para o programa de proteção de testemunhas, saiu do País e até mudou o visual, passando a usar barba. Agora, está de volta.
Luis Ricardo e o irmão dele, que também se chama Luis Miranda e era deputado federal (não foi reeleito em 2022) prestaram depoimento na CPI da Covid revelando esquemas ilegais de compra da vacina Covaxin, que era negociada por valores muito superiores às principais vacinas, mas nem sequer tinha sido aprovada no Brasil e no seu país de origem, a Índia.
Os dois irmãos também relataram que foram ao Palácio da Alvorada num fim de semana e contaram toda a história para o então presidente Bolsonaro, levando documentos. Mas nada foi feito, nem investigado. Por fim, pressionados pelos membros da CPI, eles disseram que Bolsonaro desconfiava da participação no esquema do seu então líder na Câmara, deputado Ricardo Barros, que fora ministro da Saúde do governo Michel Temer.
Nada aconteceu com Bolsonaro, suspeito de prevaricação, por tomar conhecimento de um escândalo sem determinar providências, nem com Ricardo Barros, nem com os demais citados nos depoimentos e no relatório final da CPI. Os únicos perseguidos foram os irmãos delatores. Para Randolfe, a reintegração de Luis Miranda ao Ministério da Saúde “é um alívio e uma questão de justiça”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.