Bolsonaro nega, mas decretou sigilo de 100 anos em questões familiares; relembre mais casos

Compras suspeitas de vacinas, corrupção no MEC e esquema de rachadinha são alguns dos casos silenciados pelo governo federal

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Por Daniel Vila Nova
Atualização:

No debate presidenciável realizado na noite de quinta-feira, 29, pela TV Globo, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não decretou sigilo de 100 anos em “questões familiares”. Como o Estadão Verifica mostrou, esta frase é falsa.

De acordo com reportagens do Estadão, entre 2019 e 2022, há pedidos de informações sobre questões que atingem o presidente e seus familiares. Bolsonaro estabeleceu segredo, por exemplo, sobre visitas feitas à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no Palácio do Alvorada.

Último debate presidenciável é marcado por acusações políticas. Na foto, Carlos Bolsonaro e Jair Bolsonaro conversam nos bastidores do evento. Foto: André Coelho/EFE

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Relembre alguns casos de sigilo envolvendo parentes de Bolsonaro e outros casos emblemáticos.

Visitas a Michelle

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Um levantamento do Estadão revelou que o governo federal colocou sob sigilo os nomes de pessoas que visitaram a primeira-dama Michelle Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Em junho de 2021, um cidadão inquiriu, por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), quem eram os responsáveis e os convidados de encontros religiosos com Michelle na Granja do Torto. A requisição, no entanto, foi negada.

Processo sobre Flávio Bolsonaro

A Receita Federal determinou um sigilo de 100 anos no processo que julga uma possível atuação do órgão para auxiliar a defesa do senador no caso de desvio de dinheiro, conhecido como “rachadinha”, no gabinete do filho do presidente e Senador Flávio Bolsonaro (PL).

Esse tipo de documentação costumava a ser disponibilizado publicamente, mas a Receita Federal alterou o seu entendimento e passou a defender que documentos que contém informações pessoais sejam de acesso restrito.

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Cópia da ficha funcional de Fabrício Queiroz

O acesso à ficha funcional de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro acusado de operar esquema de rachadinha, também foi bloqueado pelo governo federal.

Crachás de acesso ao Palácio do Planalto para os filhos

Carlos Bolsonaro (Republicanos) e Eduardo Bolsonaro (PSL) receberam crachás de acesso ao Palácio do Planalto. A informação foi revelada pelo próprio governo em documentos enviados à CPI da Covid. De acordo com a Revista Crusoé, estima-se que Carlos Bolsonaro tenha visitado o Palácio 32 vezes entre abril de 2020 e junho de 2021. Eduardo visitou o pai ao menos 3 vezes, todas no mês de Abril.

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O governo federal impôs um sigilo de 100 anos sobre as informações dos crachás. Como argumento, o Planalto afirma que as informações do crachá pertencem à esfera pessoal de seus usuários.

Carteira de Vacinação

A postura antivacina do atual presidente levantou dúvidas em relação à sua imunização. O acesso ao cartão de vacinação de Bolsonaro, no entanto, foi posto sob sigilo sob a prerrogativa de que a divulgação de tais dados feriria à “intimidade, à vida privada, à honra e à imagem” de Jair Bolsonaro.

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Documentos da vacina Covaxin

No auge da pandemia, o Ministério da Saúde determinou um silêncio de 100 anos relativos aos contratos da aquisição da Covaxin. No valor de R$ 1,6 bilhão de reais, a compra das vacinas indianas levantou suspeitas. Apesar da restrição, a CPI da Covid derrubou o sigilo e investigou a aquisição da Covaxin.

O Estadão teve acesso à um telegrama sigiloso da embaixada brasileira que demonstrou que o governo federal comprou a Covaxin por um preço 1.000% mais alto do que o estimado pelo fabricante.

Visitas de pastores ao palácio do Planalto

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O sigilo de 100 anos também foi utilizado pelo governo para esconder dados que relatavam a entrada e a saída de dois pastores do Palácio do Planalto. Arilton Moura e Gilmar dos Santos, conforme foi revelado pelo Estadão, são protagonistas do escândalo do MEC.

Os dados foram divulgados após pressão pública e revelaram que ambos os pastores visitaram o Planalto 35 vezes desde 2019. A suspeita é de que havia um gabinete paralelo controlado por um grupo de pastores dentro do Ministério da Educação. A revelação do esquema culminou na demissão e prisão do ex-ministro Milton Ribeiro.

Documentos relacionado a Pazuello

O governo federal também determinou silêncio a cerca um processo interno do Exército sobre o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele participou de um ato político de Jair Bolsonaro, algo proibido pelo código militar brasileiro.

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Assassinato de Genivaldo de Jesus Santos

Em maio de 2022, Genivaldo de Jesus Santos foi morto durante abordagem de policiais rodoviários. O homem foi preso dentro do porta-malas de um camburão da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e sufocado pelo gás lacrimogêneo que foi liberado dentro do ambiente. O governo determinou um sigilo de um século nos processos que investigam os agentes de polícia do caso. Após repercussão negativa, a PRF retirou o sigilo do caso.

Mensagens sobre Ronaldinho

O governo federal também determinou sigilo sobre as mensagens diplomáticas sobre a prisão do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho no Paraguai.

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