O governo do presidente Jair Bolsonaro exonerou Silvinei Vasques do cargo de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, órgão subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. A dispensa foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 20, e assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Aliado do chefe do Executivo, Vasques é investigado por improbidade administrativa e uso indevido do cargo para pedir votos para a reeleição de Bolsonaro e pela operação da PRF nas estradas no segundo turno das eleições, que interferiu no deslocamento de eleitores, principalmente na região Nordeste, polo eleitoral do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Vasques assumiu o posto de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal em abril de 2021, quando Bolsonaro deu posse ao Anderson Torres no Ministério da Justiça.
Em sua conta pessoal no Instagram, Vasques expunha fotos ao lado de Bolsonaro em eventos do governo com a presença da PRF. As legendas, normalmente, são textos de agradecimentos ao governo e ao presidente pelos investimentos no órgão. Durante as eleições, o ex-chefe da PRF usou sua conta para defender a reeleição do presidente. “Vote 22, Bolsonaro presidente”, dizia uma publicação nos stories com uma foto da bandeira do Brasil. Posteriormente, a postagem foi apagada.
Durante as eleições, Vasques foi questionado formalmente, inclusive pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela atuação da instituição durante o segundo turno das eleições, quando houve uma série de blitze feitas por policiais rodoviários federais que teriam atrapalhado ou dificultado a chegada de eleitores às urnas de votação, sobretudo no Nordeste.
O apoio público à reeleição de Bolsonaro e a também questionada atuação nos bloqueios de estradas protagonizados por bolsonaristas após o resultado dos votos levaram à abertura de investigação contra o diretor, também alvo de outras apurações.
No fim de novembro, o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Vasques, tornando o então chefe da PRF como réu por improbidade administrativa. Na ocasião, o MPF argumentou que Silvinei fez uso indevido do cargo para pedir votos para o presidente Bolsonaro. Na época a PRF disse em nota que “acompanhava com naturalidade a determinação de citação” de Vasques.
Além disso, um outro inquérito aberto pela Polícia Federal investiga as blitze da PRF no dia do segundo turno da eleição: contrariando determinação da Justiça, agentes pararam ônibus que faziam transporte gratuito de eleitores. A corporação alega que fiscalizou questões técnicas dos veículos, como condições de pneus.
A conduta de Silvinei é alvo de investigação diante dos bloqueios ilegais de rodovias, promovidos por apoiadores de Bolsonaro depois que ele perdeu a eleição. O MPF aponta que há indício de omissão da PRF por motivos políticos.
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