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As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião | Lula está vulnerável a uma piora da economia; ele vai alimentar um círculo vicioso?

Governo teme recessão e ainda não encontrou saída para intervir em preços de combustíveis se necessário

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Atualização:

Com três meses de governo, as pesquisas de opinião pública continuam a mostrar índices de popularidade relativamente estáveis para o presidente Lula. A mais recente, do instituto Ipec, revelou que 41% dos eleitores consideram o governo ótimo ou bom.

CURITIBA/PR 10/03/2022 METROPOLE / AUMENTO / REAJUSTES / COMBUSTÍVEL / GASOLINA / EXCLUSIVO EMBARGADO - Movimentação em posto de combustível na cidade de Curitiba (PR), nesta quinta-feira (10). A Petrobras anunciou um novo aumento nos combustíveis. FOTO Denis Ferreira Netto / ESTADÃO Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Obviamente, é muito importante para qualquer presidente que sua popularidade se mantenha alta pelo maior tempo possível. Para Lula, esse imperativo parece ainda mais forte dadas as sucessivas batalhas políticas que ele enfrentará nos próximos anos. Para citar apenas a agenda econômica, o governo precisará do apoio do Congresso para subir impostos em várias oportunidades, pois sem isso dificilmente conseguirá cumprir suas metas fiscais.

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A equipe econômica, por exemplo, prevê um aumento de meio ponto percentual da carga tributária em 2024, por meio de diversas medidas, entre as quais uma reforma do imposto de renda. Considerando as principais preocupações dos eleitores na última eleição, os temas econômicos devem ter grande destaque, e podem selar o destino de Lula por terem um grande impacto sobre sua popularidade. Há uma enorme preocupação em Brasília, por exemplo, com uma possível recessão, que poderia reverter a recente melhora do mercado de trabalho. Este é o pano de fundo para a forte pressão de Lula contra o Banco Central, em defesa de juros mais baixos.

Os eleitores não prestam atenção apenas no emprego ou nos salários; a inflação também é sempre um tema bastante quente. Não é o caso agora, ainda mais olhando para os preços de alimentos, que estão em baixa, e de combustíveis, que têm se mantido estáveis. Mas é importante notar que, apesar da promessa de campanha de que os preços de combustíveis seriam “abrasileirados”, Lula ainda não encontrou margem de manobra para mexer nos preços do diesel e da gasolina. Se as condições globais se deteriorarem, o fato é que o governo continua bastante vulnerável a uma nova rodada de alta dos combustíveis.

O novo conselho de administração da Petrobras só tomará posse daqui a um mês. O PT cedeu o controle do Ministério de Minas e Energia e parte dos cargos na Petrobras para partidos aliados, como o PSD, e não tem encontrado consenso por medidas mais profundas que permitam subsidiar os preços de combustíveis. A criação de um fundo de estabilização, defendida pelo partido no último governo, segue parada no Congresso. Ainda deve demorar meses, portanto, para que Lula tenha mais poder de fogo para controlar preços de combustíveis, se achar necessário.

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Esse é um risco importante a ser monitorado, ainda mais considerando a importância que o tema ganhou dentro da plataforma de campanha do presidente. Lula parece capaz de manter um nível de popularidade razoável ao longo de 2023, com índices de aprovação apenas um pouco abaixo do atual. Mas se perder popularidade por causa de uma piora econômica, terá mais dificuldades para controlar sua coalizão, e poderá ficar mais desesperado por medidas de intervenção na economia – alimentando um círculo vicioso.

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