A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que foi candidata à Presidência e desempenhou papel destacado na campanha do presidente eleito Lula (PT) no segundo turno, já foi cotada para diferentes ministérios do novo governo: Desenvolvimento Social, Agricultura, Meio Ambiente e Educação. No entanto, a confirmação do nome da parlamentar esbarrou em diferentes entraves levantados por PT e MDB. Os petistas não querem Tebet na área que tem como vitrine o Bolsa Família; emedebistas desejam que a senadora entre numa “cota pessoal” de Lula, para garantir dois ministérios ao partido.
Tebet atuou no grupo técnico de Desenvolvimento Social na transição de governo. Porém, como mostrou o Estadão, integrantes do PT a pressionaram para desistir da vaga no ministério que abriga o Bolsa Família, bandeira do governo Lula. Petistas ventilam o nome do senador eleito Wellington Dias (PT-PI) para a vaga. Outra cadeira disputada por Simone, a da Educação, foi outra da qual o partido do presidente eleito não abriu mão. Quem assumirá a vaga é Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará.
O governo eleito buscou outras opções para Tebet, como Agricultura e Meio Ambiente, mas a senadora não aceitou. Para o segundo ministério, o nome a assumir deve ser o de Marina Silva (Rede-SP), outra antiga adversária que foi aliada da “frente ampla” do PT no segundo turno.
Tebet tem afirmado que não quer um “cargo decorativo” em uma pasta de menor relevância; ela já afirmou a interlocutores que não faria sentido fazer parte de um governo com o qual não tem completa afinidade política em uma posição sem voz.
O novo governo foi criticado por não anunciar muitos nomes de mulheres para ministérios nas últimas semanas; o desejo é anunciar nomes femininos para áreas de verba mais robusta. A educadora Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle, é cotada para o Ministério da Igualdade Racial. Lula deve anunciar a maior parte de seu ministério nesta quinta-feira, 22.
Pressão do MDB
Outro fator na equação de Tebet é a influência do MDB. Senadores e deputados do partido disputam ao menos duas vagas no futuro governo. Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM) são alguns dos parlamentares que querem indicar nomes na nova Esplanada. Lula desejava que Simone entrasse na cota do partido, mas a bancada emedebista quer que a senadora seja contabilizada como uma escolha pessoal do presidente.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.