BRASÍLIA – A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro desta terça-feira, 3, foi interrompida após a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) provocar o deputado Marco Feliciano (PL-SP), questionando onde ele teria feito a sobrancelha. Feliciano acusou a parlamentar de “homofobia”. O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), classificou a discussão como “debate metrossexual” e pediu que fosse encerrada.
O tumulto começou quando o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) imitou o rugido de uma onça após uma declaração da senadora. O barulho se refere à frase “não cutuque onça com vara curta”, dita por Soraya ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha presidencial do ano passado.
Soraya questionou a atitude do deputado e, em seguida, discutiu com Marco Feliciano. Ela disse só se dirigiria ao parlamentar se fosse para “saber onde ele faz a sobrancelha”. Em resposta, Feliciano acusou a parlamentar de “homofobia”.
“Está sendo homofóbica, é isso? A senhora tem algum preconceito com homem que faz sobrancelha e faz unha?”, questionou Feliciano. “A minha sobrancelha está muito feia e eu queria pedir para ele uma indicação aqui em Brasília”, disse Soraya ao presidente da CPMI.
“Pelo amor de Deus, vamos parar com isso, porque isso não é assunto da nossa CPMI. Vamos parar aqui com esse debate metrossexual”, afirmou Arthur Maia, usando o termo que define homens que dedicam grande parte do tempo em cuidados com a aparência física.
Preocupação com a beleza x peruca à noite
Momentos depois, a senadora e o deputado Abilio Brunini (PL-MT) trocaram insultos na sessão. “Eu vi a própria senadora Soraya, que quer copiar a sobrancelha do Marco Feliciano, defendendo que a Força Nacional não deve vir. Se preocupe menos com sua beleza e mais com a CPMI, menos com a estética e mais com a CPMI”, disse Brunini. Nesta terça, o colegiado rejeitou a convocação para depor de coordenador da Força Nacional.
Em resposta, a senadora negou que fosse contra convocar membros da Força Nacional e disse que daria dicas de “shampoo” e “cabeleireira” para o deputado, que não tem cabelo.
“Eu passo meu shampoo, minha cabeleireira para você depois, na hora que eu sair do microfone. Vai saber se ele não põe uma peruca e se ele não vira ‘Brunina’ à noite”, afirmou.
A CPMI ouviu o empresário Argino Bedin, 73 anos, suspeito de ter financiado os ataques aos prédios dos Três Poderes, nesta terça. Ele optou por ficar em silêncio durante o depoimento no colegiado. Ele abriu mão do pronunciamento inicial, chorou no decorrer da oitiva e respondeu apenas “sim” ou “não” a poucas perguntas.
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