A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) criticou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) por ignorá-la em uma publicação nas redes sociais sobre a pesquisa Real Time Big Data que mediu as intenções de voto na eleição para a Prefeitura de São Paulo. É a primeira crítica mais contundente da socialista ao candidato do PSOL após a equipe de Tabata rejeitar qualquer tipo de pacto de não agressão com Boulos.
Procurada, a pré-campanha do psolista preferiu não comentar as declarações de Tabata. Em âmbito nacional, os dois pertencem a partidos aliados: ele é apoiado pelo presidente Luiz Inácio da Lula Silva e o PT, enquanto ela tem o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Apesar disso, a equipe de Tabata promete que fará críticas igualmente duras a Boulos e ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) porque precisa tentar romper com a polarização representada pelos dois — o chefe do Executivo paulistano tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A pesquisa, publicada nesta segunda-feira, 4, aponta que Boulos tem 34% dos votos, seguido de Nunes com 29%, e Tabata com 10%. Os percentuais são na pesquisa estimulada, quando uma lista de candidatos é apresentada aos eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais e o nível de confiança 95%. Foram 2 mil entrevistas realizadas entre o dia 1º e 2 de março.
O pré-candidato do PSOL publicou inicialmente uma imagem no Instagram cuja manchete é: “Boulos lidera com 34% contra qualquer adversário!”. O gráfico exibe Nunes com 29%, seguido de Ricardo Salles (PL-SP) com 12%, Marcos Pontes (PL-SP) com 11% e Padre Kelmon (PRD) com 1%. Uma das estratégias de Boulos é se apresentar como um candidato de uma frente democrática capaz de derrotar o bolsonarismo na capital paulista.
O gráfico é incorreto, pois mistura cenários distintos testados pela Real Time Big Data. Como ainda não há uma definição de todos os candidatos que, de fato, vão concorrer, é comum que institutos de pesquisas apresentem listas alternativas de nomes para testar diferentes possibilidades. Cada cenário funciona como uma pesquisa diferente na prática, já que a lista de nomes apresentados aos entrevistados varia.
O cenário 2 inclui a candidatura de Salles, que aparece em terceiro, com 12%. Tabata cai para quarto lugar, mas mantém os 10%. No cenário 3, não há Salles e sim Pontes, que também alcança a terceira colocação, mas com 11%, enquanto a deputada federal permanece com 10% em quarto lugar.
No vídeo gravado como resposta, Tabata apresenta leituras da pesquisa que são positivas para ela, como ter a menor rejeição e o maior potencial de votos — a soma dos entrevistados que dizem que votariam nela com certeza ou que poderiam votar.
“Em nenhuma dessas leituras, não importa o quanto eu me esforce, eu consigo entender de onde o Boulos tirou esse gráfico que ele postou. Esse cenário não existe. Ele simplesmente retirou meu nome e colocou uma realidade que sequer faz sentido. Agora eu pergunto para vocês: o que é isso? É estatística criativa? É erro, alguém não tinha noção do que estava fazendo? Ou é safadeza mesmo?”, questionou a deputada federal.
Na rede social de Boulos, usuários afirmam que ele apagou a publicação original após a polêmica. Quando o Estadão entrou no Instagram do deputado para checar a fala de Tabata, uma outra postagem estava no ar. Nela, a manchete mudou e passou a afirmar que Boulos venceria “qualquer candidato bolsonarista”, segundo a pesquisa Real Time Big Data, e excluiu Padre Kelmon. A alteração, porém, foi feita antes do vídeo de Tabata ser publicado. A reportagem também questionou a equipe do deputado do PSOL sobre a mudança, mas a pré-campanha informou que também não comentaria.
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