Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), se encontrarão nesta terça-feira, 19, com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e com o presidente do país, Isaac Herzog. A reunião ocorre no contexto da crise diplomática entre o Brasil e a nação do Oriente Médio desencadeada pela declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou a atuação israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus pelo regime nazista de Adolf Hitler. Bolsonaristas, Tarcísio e Caiado fazem oposição ao governo Lula.
Os governadores viajaram a Israel inicialmente à convite da comunidade brasileira no país, como mostrou o Estadão. “Depois que o primeiro-ministro soube do acordo dos governadores para visitar Israel e à luz da importante relação entre Israel e o Brasil, os governadores foram convidados pessoalmente para uma série de reuniões com altos funcionários israelenses, incluindo o primeiro-ministro”, declarou a embaixada de Israel no Brasil.
Segundo o governo de São Paulo, o objetivo da viagem é “estreitar as relações com o país” e “trocar experiências para o desenvolvimento de novas tecnologias no Estado”. Já o convite enviado por organizações da sociedade civil para os Executivos estaduais, obtido pelo Estadão, afirma que o objetivo é permitir a visita e o registro dos resultados do ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, além do entendimento dos impactos sociais e econômicos causados pela guerra.
Tarcísio desembarcou em Tel Aviv no domingo, 17. Nesta segunda, 18, ele se encontrou com integrantes da comunidade judaico-brasileira que moram no país, além de representantes da sociedade civil israelense. As reuniões dele com Netanyahu e Herzog serão em Jerusalém, cidade sagrada para os judeus.
Na quarta-feira, 20, o governador paulista visitará a sede da Israeli Aerospace Industries, indústria de aviação civil e militar, e terá um encontro com a comunidade brasileira em Raanana.
O principal compromisso de Tarcísio na quinta-feira será com o ministro de Relações Exteriores, Israel Katz. Após a declaração de Lula em fevereiro, Katz levou o embaixador brasileiro Frederico Meyer para visitar o Museu do Holocausto. Na ocasião, anunciou a jornalistas que Lula passaria a ser persona non grata em Israel e fez críticas ao presidente brasileiro.
Katz discursou em hebraico, língua oficial de seu país e que o embaixador brasileiro não compreende. Após o ocorrido, Meyer foi chamado por Lula para voltar a Brasília, e o Brasil está sem embaixador em Israel desde então.
O governador paulista visita ainda a estação de saneamento de Shafdan e locais históricos como o Museu do Holocausto, o Monte das Oliveiras, a Biblioteca Nacional Israelense e a Cidade Antiga de Jerusalém antes de retornar ao Brasil na madrugada de sexta-feira, 22.
A assessoria de Caiado divulgou apenas a agenda dele na terça-feira. Além dos encontros com Netanyahu e Herzog, o governador goiano terá uma reunião no Ministério das Relações Exteriores. “Acabamos de chegar aqui no aeroporto de Tel Aviv, em Israel. Veja vocês, em cada uma dessas colunas, a foto dos israelenses que ainda estão sequestrados pelo grupo terrorista Hamas. Barbaridades que fizeram, nós vamos conhecer nos próximos dias”, disse o governador, em um vídeo publicado nas redes sociais.
Tanto Caiado quanto Tarcísio são cotados para sucederem a Bolsonaro na eleição de 2026. O ex-presidente também foi convidado por Netanyahu para visitar Israel, mas depende da autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) pois está com o passaporte retido devido à investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também foram convidados por entidades que representam a comunidade brasileira em Israel, mas recusaram a viagem.
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que Lula afirmou em fevereiro que “o que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”. Como resposta, o governo israelense declarou o presidente como persona non grata até que ele se desculpe e tem criticado o governo brasileiro pelo posicionamento sobre o conflito. O presidente não recuou da declaração e, assim como outros representantes do governo, reiterou que considera que Israel comete genocídio em Gaza.
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