Tarcísio defende pragmatismo para atender a população: ‘Pobre não sabe o que é direita ou esquerda’

Governador acredita que a resolução de problemas é mais importante que o espectro político

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O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas defendeu nesta quarta-feira, 15, “racionalidade e pragmatismo” no debate político quando se trata de atender a população em situação de vulnerabilidade. Segundo ele, “o pobre não sabe o que é direita ou esquerda” e o espectro político é menos importante do que levar a resolução de problemas à ponta. Ele também defendeu o avanço da reforma tributária que corre no Congresso.

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“O que nos cabe é trazer racionalidade e pragmatismo para o debate político. Tem uma população muito carente que depende de nós. Independente de eu ser um cara mais à direita”, disse em evento promovido pelo BTG pactual. “Não importa se você é de direita ou de esquerda o pobre não sabe o que é direta ou esquerda. Ele precisa de teto, abrigo, precisa de proteção, de saúde, de resolução de seus problemas imediatos, de diminuição dos tempos de cirurgias, o jovem precisa de perspectivas”, completou após ser questionado sobre a polarização do País. Tarcísio participou remotamente do painel por ter sido diagnosticado com covid-19.

Para o governador, o debate programático e a resolução de problemas se perdem em um ambiente polarizado. “No final das contas a pauta da direita e da esquerda muitas vezes convergem. (...) O que vai diferenciar a esquerda ou a direita é o caminho que vamos atingir os nossos objetivos.”

Governador Tarcísio de Freitas disse ter uma decisão republicana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Ricardo Stuckert/PR

Questionado sobre a relação com o governo federal, Tarcísio disse ter uma relação republicana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É necessário o apoio do governo federal, por exemplo, na política de habitação. A gente só vai ter efetividade na segurança pública se a gente tiver a colaboração do governo federal. O mesmo vale para o campo da saúde. Nesse ponto vamos caminhar junto do governo federal”, disse.

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“São Paulo representa um terço do PIB brasileiro, não tem como o Brasil ir bem com são Paulo indo mal”, pontuou, reforçando que diferencia a atuação do Estado por meio de uma agenda de concessões, privatizações e de um programa de enxugamento da máquina pública.

Reforma tributária

Ao lado dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que estiveram presentes de forma presencial, Tarcísio ainda defendeu o avanço da reforma tributária que tramita no Congresso para simplificar o sistema e alavancar investimentos.

Os líderes divergiram sobre a viabilidade da pauta ser aprovada. De acordo com Ratinho, o governo do PT não tem, historicamente, um perfil reformista, tampouco deve avançar na tributária. “Geralmente uma reforma tributária você precisa ter um ambiente econômico saudável, coisa que nós não temos no mundo”, disse. Para ele, o governo federal e o Congresso nacional devem avançar apenas em uma simplificação de tributos federais, o que “já é um grande avanço”. “Depois vai fazendo isso de forma faseada, a partir do respiro da economia”, emendou.

Na visão de Tarcísio, por outro lado, há grande possibilidade da reforma avançar, ao citar o perfil “reformista e liberal” do Congresso, mas destacou dificuldades. “Para mim, é a reforma mãe hoje, é o primeiro passo que tem que ser dado. Não é fácil, quem acha que vai ser um mar de rosas a tramitação está enganado porque envolve a relação entre entes federados e a composição entre diversos setores”, disse.

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Ele disse acreditar que Estados estão “muito dispostos” a abrir mão, ao defender a cobrança de tributos no destino, política que afetaria os caixas de São Paulo. “A gente acha razoável a tributação no destino desde que a gente tenha aí realmente um período de compensação, de ajuste”, afirmou.

Segundo Tarcísio, a cobrança no destino colocaria fim à guerra fiscal, possibilitando a atração de mais investimentos.

Já Leite afirma que para obter êxito no avanço da tributária é fundamental que o assunto seja liderado pelo presidente da República, e não técnicos. ”Se a gente quer uma reforma tributária para o País, e consideramos que ela é importante, é fundamental que ela não seja a reforma do técnico, do Bernard Appy, e nem do ministério da Fazenda, ela tem que ser uma reforma liderada pelo presidente da República. Porque o Congresso Nacional precisa perceber a absoluta prioridade desse processo para simplificação ao extremo que se deseja”, afirmou.

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