PUBLICIDADE

Tarcísio diz que coloca ‘cara no fogo’ por Bolsonaro em meio a denúncias no MEC

Pré-candidato ao governo de São Paulo diz não acreditar no envolvimento do presidente no ‘gabinete paralelo’ do MEC e que caso não afeta sua candidatura

Foto do author Gustavo Queiroz
Atualização:

O ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), questionado nesta segunda-feira, 27, sobre se colocaria “a cara no fogo” pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, afirmou que, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), colocaria. A afirmação foi feita em meio às denúncias do “gabinete paralelo” do MEC e de suposto envolvimento do chefe do Executivo de interferência no inquérito que apura o esquema de liberação de verbas da pasta mediante pagamento de propina. Sobre sua atuação no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), disse que teve ‘carta branca’ da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para combater corrupção.

PUBLICIDADE

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Freitas disse que “pelo presidente” coloca a “cara no fogo” e que não acredita no envolvimento de Bolsonaro em suposta interferência na investigação. A expressão foi usada pelo chefe do executivo em março deste ano em alusão a Milton Ribeiro, preso no âmbito da Operação Acesso Pago na última quarta-feira, 22.

Após a prisão, porém, o presidente disse que “exagerou” quando fez a declaração sobre o dirigente do MEC e que a investigação da PF não é sobre corrupção, mas sobre “tráfico de influência”, o que, segundo ele, seria comum.

O ex-ministro Tarcísio de Freitas participa do programa Roda Viva, da TV Cultura Foto: Reprodução/TV Cultura

Corrupção

Freitas disse acreditar que o presidente não teria dado um comando ao ex-ministro da Educação que levasse à distribuição de recursos da pasta em troca de propinas, caso revelado pelo Estadão.

“A gente tem que ver o que de fato o presidente falou para o (então) ministro Milton (Ribeiro) e o que ele (Milton) falou para esses pastores, de que forma ele falou”, afirmou. “Eu não acredito que o presidente tenha dado um comando dessa natureza, porque ele nunca disse para mim.”

Sobre Ribeiro, o ex-ministro apontou que sempre teve a melhor (impressão) possível, mas que aguarda a apuração dos fatos. “Entendo que havendo culpa, dolo, desvio, descaminho, tem que ser punido de forma exemplar. A gente não pode mais tolerar corrupção no Brasil.”

Segundo ele, a exoneração de Ribeiro do ministério, por exemplo, não apontaria um indício de que Bolsonaro tivesse acesso privilegiado às investigações. Ele alegou que a exoneração “a pedido”, caso de Milton, “é uma deferência”. “Isso é muito comum, normalmente pessoas que são exoneradas são a pedido”

Publicidade

O ex-ministro também minimizou outras investigações contra a família do presidente e disse que estes casos não terão impacto em sua candidatura. " Tem muitas questões que não chegaram a lugar nenhum, as investigações não foram conclusivas. Não acredito em um impacto na minha candidatura”, disse. “O meu alinhamento ao presidente Bolsonaro, a minha lealdade, é total”, concluiu.

Dilma

Apesar de ligado ao presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro, que foi funcionário de carreira e atuou nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), afirmou que teve “carta branca” da ex-presidente petista para atuar no combate à corrupção no Dnit, em 2011.

“Tive (carta branca de Dilma Rousseff) Nunca me faltou apoio naquela época para fazer o que tinha que ser feito no Dnit. Tive apoio da presidente, tive apoio da ministra (do Planejamento) Miriam (Belchior). Fizemos o trabalho que tinha que ser feito”, afirmou.

Ele foi diretor-executivo do órgão em 2011, quando o governo atuou trocando diversos quadros acusados de corrupção no departamento. Em sua resposta citou, inclusive, possíveis rusgas com o PL, partido de Valdemar Costa Neto que apoiava o governo petista naquele ano, à época nominado PR, e que agora abriga a pré-candidatura de Bolsonaro. Na ocasião, quadros da legenda passaram por investigações por suspeita de enriquecimento ilícito.

Para Freitas, Valdemar não é a mesma pessoa que comandava o PL naquela ocasião. “Erros são cometidos, se pagam por esses erros, o que se espera sempre é que se tire aprendizado. Naquela época fui para o Dnit como interventor. Dnit vinha de operações da PF , tínhamos um problema sério de corrupção”, disse.

Secretarias

Apesar de considerar o presidente uma figura importante em sua campanha pelo potencial de “transferência de votos” de Bolsonaro, Freitas não aposta em uma participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em seu governo.

“Eduardo Bolsonaro não deverá ser (meu secretário) de jeito nenhum, para preservar o próprio Eduardo. Ele é filho do presidente, que eu espero que seja reeleito”, disse. Também defendeu que levará em conta a ficha criminal dos indicados para a distribuição de cargos. “Perfil de risco certamente será vetado.”

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.