O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descartou substituir o secretário de Educação, Renato Feder, que está no centro de uma polêmica após recusar dez milhões de livros didáticos que seriam entregues pelo Ministério da Educação e dizer que, a partir de agora, os alunos irão copiar slides projetados pelos professores em sala de aula.
O Estadão revelou nesta sexta-feira que Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda. Ele detém parte da Multilaser, que mantém contratos com a Secretaria de Educação de mais de R$ 75 milhões. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.
Em conversa com o Estadão, Tarcísio classificou o secretário de “preparadíssimo, estudioso, entusiasmado e idealista”. E acrescentou que Feder “tem sua admiração e respeito” e que “a chance” de ser substituído é “zero”.
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O governador defendeu a posição do secretário sobre os livros didáticos. “Não é uma decisão desarrazoada. Só foi mal comunicada. Ela faz muito sentido. Tem uma lógica que eles não souberam explicar”, disse. E antecipou que os alunos terão um livro didático impresso com o material dos slides aprofundado.
“Vamos imprimir centralizadamente e distribuir esse material para as escolas. Então, o aluno vai ter o tablet e o material impresso disponíveis. Vai no gosto do freguês”, afirmou o governador. Pelo livro didático, o governo de São Paulo não pagaria nada, já que é comprado e entregue pelo Ministério da Educação (MEC). O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar o custo e a qualidade do material que o governo Tarcísio quer usar.
Hoje nas escolas estaduais ainda não há tablets, segundo o secretário disse ao Estadão, as aulas tem ”uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”.
Sobre os contratos da empresa do secretário com a pasta que comanda, o governador disse que o governo de São Paulo “já comprava Multilaser antes da sua gestão e seu governo não comprou nada da empresa”.
Diário de classe digital
Desde abril, o governo de São Paulo tem indicado aos professores que usem o diário de classe digital, onde estão aulas de todas as disciplinas, organizadas em cerca de 20 slides. O professor abre a aula em seu celular ou computador e projeta na TV da classe.
Ao justificar a medida, o secretário questionou a qualidade dos livros do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que há décadas é distribuído para todos os Estados pelo MEC em um esforço de padronização do currículo escolar. Na avaliação do governo estadual, o conteúdo das obras que serão distribuídos pelo ministério do governo Lula está “mais raso, mais superficial”.
Procurado, Feder não comentou as investigações que envolvem o contrato de sua empresa com a secretaria.
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