Tarcísio limita acesso da base a cargos em SP, e Kassab abriga aliado no governo Lula

Políticos do PSD paulista começaram a ser nomeados para órgãos do governo federal em São Paulo; primeiro a assumir foi ex-deputado federal Guilherme Campos

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Foto do author Gustavo Côrtes
Atualização:

Diante da recusa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em ceder mais cargos a aliados da base, o secretário de Governo, Gilberto Kassab, começou a abrigar integrantes paulistas de seu partido, o PSD, na gestão de Lula. O primeiro foi o ex-deputado federal Guilherme Campos, que assumiu, no último dia 4, a Superintendência do Ministério da Agricultura no Estado. A pasta é comandada por Carlos Fávaro, filiado à legenda.

O ex-deputado federal e ex-presidente dos Correios, Guilherme Campos, é o novo superintendente do Ministério da Agricultura em São Paulo. Foto: Denise Andrade

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Campos não conseguiu se reeleger em 2022 e passou mais de seis meses à espera de uma nomeação no governo de Tarcísio sem ser contemplado. Ainda no período de transição, o secretário de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos, tentou emplacá-lo como superintendente do Sebrae de São Paulo, mas recuou após um acordo com o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB) para manter Marco Vinholi no órgão, em que Campos já havia ocupado de diretor de Administração e Finanças.

Depois, o nome de Campos passou a ser cotado para assumir o comando de empresas estaduais – entre elas a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) –, o que não foi possível devido a restrições impostas pela Lei das Estatais à indicação de dirigentes partidários.

Aliados de Kassab chegaram a se juntar ao PT na torcida para o pleno do STF confirmar a decisão liminar do então ministro Ricardo Lewandowski que, em março, suspendeu trecho da lei que vedava indicação de partidos para diretorias de empresas públicas.

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Integrantes do PSD afirmam que Campos não ficou satisfeito com a posição no governo federal por considerar que o cargo tem caráter de mero “ordenador de despesa e fiscalização”, sem margem para ação política. Os convênios da pasta com os municípios e a execução de projetos com recursos de emendas parlamentares do Congresso estão concentrados em Brasília. As dez diretorias regionais regionais da Superintendência são ocupadas por servidores de carreira, o que impede a indicação de apadrinhados.

O ex-deputado federal Walter Ioshi também pode ganhar um cargo na gestão Lula, segundo interlocutores. Seu nome é citado para assumir um posto em um dos três ministérios do partido, que, além da Agricultura, comanda Minas e Energia, com Alexandre Silveira, e a Pesca, com André de Paula. Fora Campos e Ioshi, há outras figuras, como suplentes de deputados, que aguardam em uma espécie de fila interna da sigla para ocuparem posições.

Pessoas com trânsito no Palácio dos Bandeirantes atribuem a iniciativa de Kassab a um desgaste com o secretário da Casa Civil, Arthur Lima, apontado por líderes partidários como um obstáculo no em cumprimento de acordos políticos com deputados estaduais da Alesp e com prefeitos do interior por brecar indicações políticas.

Tanto Lima quanto Kassab negam que haja desgaste entre eles e que a nomeação de Campos ao governo de Lula esteja relacionada a qualquer atrito interno na gestão de Tarcísio. O chefe da Casa Civil estadual afirmou ao Estadão que o nome de Campos não chegou à pasta e, portanto, não foi debatido.

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“O Guilherme Campos foi convidado pelo ministro da Agricultura, que é filiado ao PSD, e terá grande êxito neste desafio, como nos outros cargos que ocupou. Foi deputado federal, primeiro líder do PSD na Câmara, presidente dos Correios, vice-prefeito e secretário de Indústria de Campinas, entre outros cargos e missões que desempenhou na vida pública”, disse Kassab ao Estadão.