O ministro da Economia, Paulo Guedes, virou o nome preferido do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) para assumir a Secretaria da Fazenda e do Planejamento de São Paulo. Tarcísio pediu que intermediários conversem com Guedes para que o economista avalie a proposta.
Segundo pessoas próximas ao governador eleito, o atual ministro só não assume o cargo se recusar. A informação foi adiantada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão. Guedes e Tarcísio foram nomeados por Jair Bolsonaro (PL) no dia 1.º de janeiro de 2019, e se tornaram ministros de confiança do presidente. Para o governador eleito, o economista seria o nome ideal para ocupar a pasta em São Paulo.
Intermediários apontam, porém, que Guedes não está certo se assumiria o cargo em São Paulo. Uma possibilidade avaliada é que o economista ganhe um cargo de conselheiro na nova gestão paulista.
O possível desembarque de Guedes em São Paulo é visto por opositores como uma tentativa de importar a política econômica de Bolsonaro ao Estado. Por sua proximidade com o presidente – sendo tachado de “Posto Ipiranga” e “superministro” – o nome do ministro não é tomado como uma indicação puramente técnica.
Como mostrou o Estadão, Guedes assumiu o cargo com a promessa de dar um “banho” de liberalismo no Brasil, mas encampou medidas eleitoreiras propostas por Bolsonaro ao longo da gestão.
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Nos últimos quatro anos, colecionou polêmicas ao dizer, por exemplo, que a queda do dólar prejudica as exportações e permite que “todo mundo” possa ir a Disneylândia, inclusive “empregadas domésticas”. Outras declarações também repercutiram mal, quando alegou que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) bancou universidades “até para filho de porteiro” que zerou o vestibular.
Os detalhes de como vai ser distribuído o secretariado vem sendo discutido por Tarcísio e aliados. Guedes assumiria a secretaria em São Paulo em meio à tentativa de dividir posições a bolsonaristas, nomes apresentados pelo governador eleito e pelo grupo político que o apoiou. O ex-ministro tem reforçado que em todos os casos os quadros que assumirão os cargos serão técnicos.
A indicação que causou maior reação até agora, porém, foi a do deputado federal Guillherme Derrite, (PL-SP), que será o novo secretário de Segurança Pública. Defensor do presidente Jair Bolsonaro, Derrite é afinado com a ala mais ideológica do bolsonarismo e já se manifestou contra o uso de câmeras nos uniformes dos policiais.
Ao menos nos anúncios oficiais, até agora o grupo político do presidente do PSD Gilberto Kassab ganhou maior espaço no secretariado.
Além do próprio dirigente, que vai assumir a secretaria de Governo, o médico Eleuses Paiva (PSD) vai assumir a Saúde e o coordenador do grupo de transição Guilherme Afif também deve assumir uma das pastas.
Se não houver o aceite, um dos planos de Tarcísio é indicar o economista Samuel Kinoshita para a Fazenda. Assim como Afif, Kinoshita foi assessor do ministro da Economia e é visto como um nome mais técnico. Na equipe de transição, bolsonaristas tiveram até agora mais espaço nos grupos que discutem desenvolvimento social, mulher, família e cultura.
Afif deixou o cargo para atuar na campanha de Tarcísio e Kinoshita fez o mesmo para atuar na equipe de transição do governo de São Paulo.
Veja os secretários já anunciados
Educação: O escolhido para chefiar a pasta foi Renato Feder, paulistano que deixará o posto de secretário de Educação do Paraná para assumir a função no Estado natal. Feder é graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em Economia pela USP.
Saúde: O futuro secretário de Saúde de São Paulo será o médico Eleuses Paiva. Ele foi presidente da Associação Médica Brasileira por dois mandatos, de 1999 a 2005. Ex-vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), é um dos nomes indicados pelo grupo político de Gilberto Kassab (PSD). Paiva foi da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia para controlar a disseminação do vírus.
Casa Civil: O novo chefe da Casa Civil será o advogado Arthur Lima, que compõe o quadro de secretários indicados pelo próprio governador eleito e é considerado um nome técnico, que não tem filiação partidária. Lima chegou a ocupar o cargo de diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (atual Infra S.A.) e foi diretor-executivo do Fundo de Saúde da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal
Infraestrutura, Meio Ambiente e Transportes: O nome escolhido por Tarcísio para chefia a secretaria análoga ao ministério que ele chefiou na gestão Bolsonaro é Natalia Resende. Ela vai comandar uma “supersecretaria”, que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.
Governo: O novo secretário de Governo da nova gestão será o presidente do PSD Gilberto Kassab. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo novo governo, mas Tarcísio de Freitas confirmou a informação ao ser questionado por jornalistas ao chegar a evento organizado pelo Esfera Brasil, em hotel no Guarujá.
Segurança Pública: Indicado pelo clã Bolsonaro, Guilherme Derrite é oficial da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) e comandou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) de 2010 a 2013. O deputado é afinado com a ala mais ideológica do bolsonarismo e já se manifestou contra o uso de câmeras nos uniformes dos policiais.
Turismo: Roberto Lucena, que é pastor evangélico e está no terceiro mandato como deputado federal, será o novo secretário do Turismo. Lucena chefiou a pasta em São Paulo em 2015 e 2016 no governo Geraldo Alckmin e vice-presidente da Comissão do Turismo da Câmara dos Deputados.
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