PUBLICIDADE

TCU aponta que governo Bolsonaro gastou R$ 21 mi no cartão corporativo, diz revista

Auditoria mostra despesas do presidente, da primeira-dama Michelle e do entorno mais íntimo do chefe do Executivo em um período de dois anos

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Uma auditoria sigilosa realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nas faturas dos cartões corporativos durante o governo Bolsonaro apontou que os gastos totalizam mais de R$ 21 milhões, revela reportagem da revista Veja.

PUBLICIDADE

De acordo com a publicação, os dados estão em planilhas sem conexão com a internet, nas mãos da Secretaria-Geral da Presidência. Os valores envolvem gastos no cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro (PL), da primeira-dama Michelle Bolsonaro e do entorno mais íntimo de ambos. Até então, nenhuma informação sobre essas despesas tinham vindo a público. Por ordem do chefe do Planalto, os dados passaram a ser confidenciais.

Dessas despesas, destacam-se as que ocorreram entre janeiro de 2019, no início do mandato presidencial, e março de 2021. De acordo com a auditoria, o desembolso médio durante esse período com alimentação para as residências oficiais de Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, somaram aproximadamente R$ 96,3 mil mensais.

O presidente Jair Bolsonaro; os dados passaram a ser confidenciais por determinação do chefe do Executivo  Foto: Isac Nóbrega/PR

Os dados apontam que esses gastos se equiparam aos de Michel Temer (MDB) em seus dois últimos anos de mandato, com valor estipulado de R$ 97 mil mensais com o mesmo destino. Além disso, as despesas com combustível chegaram a R$ 420,5 mil, 170% a mais do que Temer.

Reparo em moto aquática

Custos considerados menores, como um reparo pago com o cartão corporativo em uma moto aquática da Marinha, usada no carnaval do ano passado pela equipe do presidente, também entraram na lista. Acompanham, ainda, irregularidades na emissão de notas fiscais para justificar determinadas compras.

O documento também revela custos altos com viagens a lazer e hospedagem bancados com o dinheiro público, além de “caronas” em aviões oficiais do governo sem relação com as atividades da vida público-política. O passageiro campeão das viagens extraoficiais foi o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ), também chamado de Helio Negão.

As informações revelam que o deputado usou do avião presidencial em múltiplas situações de caráter pessoal: embarcou para o casamento do deputado Eduardo Bolsonaro, foi a jogos de futebol, viajou a recesso em dois feriados e no carnaval, se deslocou com Bolsonaro para pescar em Santa Catarina e foi a bordo até mesmo para votar nas eleições municipais de 2020. Questionado pela reportagem sobre as viagens, Helio Lopes respondeu: “Pergunte ao presidente”.

Publicidade

Trecho da auditoria do TCU diz que “a utilização da aeronave presidencial para transportar, em viagens de agenda privada, pessoas que não são seus familiares diretos, bem como pagamento de despesa de hospedagem de pessoas que não são autoridades ou dignitários, sinalizam aproveitamento da estrutura administrativa em benefício próprio”. A Corte de Contas também alega que “tais situações afrontam os princípios da supremacia do interesse público, moralidade e legalidade”.

Batalha judicial

O Estadão trava uma batalha judicial pelo acesso às informações do cartão corporativo de Bolsonaro há dois anos. O pedido de transparência cobra o direito de os jornalistas do veículo terem acesso à descrição de como o presidente Jair Bolsonaro faz uso dos recursos públicos para fins pessoais e organizacionais. O valor dos gastos é publicizado pelo Portal da Transparência, mas a explicação sobre os produtos e serviços comprados é omitida.

Em maio, senador Flávio Bolsonaro (PL) saiu em defesa do pai após a hashtag “Jair Gasta, o Brasil Paga” figurar entre as mais comentadas no Twitter. Na rede social, opositores criticavam o sigilo imposto pelo presidente aos gastos de seu cartão corporativo. O senador alegou que o presidente usa o cartão para “garantir a sua segurança”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.