TCU classifica como ‘irrelevante’ discussão sobre modelos de urnas levantada em ‘live da mentira’

Corte de Contas fez auditoria em 2630 urnas eletrônicas de modelos anteriores a 2020 e em 1886 dispositivos com as novas atualizações; resultados rebatem tese sobre falta de vistoria nos equipamentos de votação

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Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA – O Tribunal de Contas da União (TCU) classificou como “irrelevante” a discussão sobre a confiabilidade dos modelos de urnas eletrônicas, que foi levantada pela denúncia falsa de um canal argentino, em transmissão ao vivo no Youtube. O canal La Derecha Diário, que tem histórico de relação com o presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgou dossiê apócrifo sobre supostas fraudes nas eleições brasileiras e apontou fragilidades em todos os modelos de urnas utilizados no País que não teriam sido submetidos a testes de auditoria. A informação, porém, é falsa, como revelou o Estadão.

Em documento obtido pelo Estadão, o TCU afirma que a discussão sobre modelos “novos” e “antigos” das urnas sequer foi levantada na auditoria feita pelos técnicos do órgão porque, durante todo o período de análise das informações, não foram encontradas divergências.

O argentino Fernando Cerimedo, dono do canal La Derecha Diario, que apresenta dossiê com informações falsas da eleição no Brasil Foto: Reprodução

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A Corte de Contas auditou até o momento 2.630 (58%) boletins de urnas (BUs) – extratos impressos com os votos depositados em cada máquina – de modelos anteriores a 2020 e outros 1.886 (42%) novos dispositivos com as atualizações realizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2020. Em ambos os casos, os técnicos do TCU não encontraram inconsistências.

“A análise em separado das urnas classificadas como ‘novas’ e ‘antigas’, além de não ser escopo, é irrelevante. Isso ocorre porque a auditoria se baseou em teste por meio do qual se comparam as informações na origem e no destino”, diz a nota lançada pelo TCU. “Se tivessem sido encontradas divergências, seria o caso de se aplicar testes substantivos a fim de identificar as causas. Contudo, tendo em vista que não foram encontradas divergências, não há que se falar em avaliação de modelos de urnas.”

Como mostrou o Estadão, o principal argumento apresentado no vídeo do canal La Derecha Diário é de que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para o petista Luiz Inácio Lula da Silva do que para o presidente Jair Bolsonaro. Esses modelos, diz o dossiê, não teriam sido submetidos a teste de segurança. Apenas a urna 2020 teria passado pelo crivo de peritos de universidades federais e das Forças Armadas. Essa informação é falsa porque todos os modelos da urna já haviam sido submetidos a teste.

O TCU lembra na nota divulgada nesta terça, 8, que, mesmo antes de realizarem a auditoria das urnas, os dispositivos de votação já eram auditados a cada ciclo eleitoral nos testes de segurança. Nessa testagem realizada pelo TSE, algumas urnas escolhidas aleatoriamente são submetidas a ataques hackers de especialistas que avaliam a segurança dos sistemas inseridos nos dispositivos.

Neste ano, o TCU também auditou o teste de integridade das urnas, que checa se o número digitado pelos eleitores corresponde aos resultados auferidos pelos dispositivos de votação. Ao acompanhar esse processo, a Corte de Contas inspecionou 249 urnas de modelos antigos e outras 223 dos novos, de 2020. Também nessa auditoria não foram encontradas inconsistências.

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