Testemunha entrega à Justiça celular de bolsonarista que matou eleitor de Lula em Mato Grosso

Aparelho teria imagens da vítima feitas depois do crime, mas foi formatado; delegado solicitou perícia para recuperar os arquivos

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Por Fátima Lessa, especial para o Estadão
Atualização:

Uma testemunha que encontrou o assassino do petista Benedito Cardoso dos Santos em Confresa (MT), na madrugada depois do crime, se apresentou à polícia neste sábado, 10. O homem foi ouvido pelo delegado responsável pelo caso, Vitor Oliveira, e entregou o celular do criminoso, que teria um vídeo com imagens da vítima depois de morta.

Segundo a testemunha, o assassino Rafael Silva de Oliveira, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o procurou na madrugada do dia 8, depois do crime. Rafael teria aparecido no centro da cidade e contado: “Fiz uma besteira, matei um cara. Acho que a polícia vai me pegar”.

Faca utilizada no crime; vítima foi morta após discussão sobre Lula e Bolsonaro. Foto: Fátima Lessa

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Para confirmar o que estava dizendo, Rafael teria mostrado à testemunha um vídeo no celular com imagens da vitima já morta, no chão. Em seguida, pediu uma carona para chegar a Porto Alegre do Norte, o que não foi possível, pois o carro estava quebrado.

Como não conseguiu a carona, Rafael deixou o celular com a testemunha, que entregou o aparelho ao delegado neste sábado. “Quando o celular foi entregue na delegacia, estava formatado, e não foi possível confirmar se havia imagens da vitima, mas não tem problema, vamos solicitar perícia no aparelho”, disse o delegado.

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Transferência

Depois de ter sua prisão preventiva decretada pela 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, Rafael Silva de Oliveira, responsável pela morte do apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 7 de setembro, foi transferido da cadeia pública para o presídio Porto Alegre do Norte (MT) na sexta-feira, 9. O presídio fica a 28 quilômetros do município de Confresa, onde ocorreu o crime.

Segundo o delegado responsável, as investigações serão concluídas em nove dias, prazo em que serão ouvidas mais testemunhas. O MP aguarda a conclusão do inquérito para se manifestar.

Motivação política

Como Confresa e Porto Alegre do Norte não dispõem de Defensoria Pública, o Juiz da 3ª Vara de Porto Alegre, Carlos Eduardo Pinto, nomeou o advogado dativo, Matheus Ross, para a defesa do suspeito.

O advogado acompanhou a audiência de custódia e, como o Estadão antecipou na sexta-feira, confirmou que o autor do crime foi preso na cerâmica onde trabalhava, e não no hospital. Ross disse que não poderia fornecer maiores detalhes do caso, mas, para ele, ficou claro que a motivação foi de ordem política.

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O crime

A vítima, Benedito Cardoso dos Santos, 44 anos, apoiador do ex-presidente Lula, era funcionário em uma chácara que fornecia lenha para a cerâmica onde Rafael Silva de Oliveira, 22, eleitor de Bolsonaro, trabalhava por empreitada.

O delegado adjunto Igor Rafael Ferreira de Oliveira, da Polícia Civil de Confresa, afirmou ao Estadão que os dois entraram em uma discussão política que durou horas no dia 7 de setembro. Benedito, então, teria acertado um soco no queixo de Rafael, que respondeu puxando uma faca e atingindo Benedito nas costas, nos olhos, na testa e no pescoço. “A primeira facada foi nas costas. A vítima caiu. Nesse momento, Rafael desferiu 15 facadas no rosto. Não satisfeito, ele tentou decapitar a vítima com um machado”, afirmou o delegado.

O corpo foi encontrado no dia seguinte, por volta das 11 horas, próximo à Agrovila Luminar. Ele foi levado para Santana no Pará, onde moram seus familiares e onde foi enterrado.

Como mostrou o Estadão, a eleição vive uma escalada de violência real e simbólica, na qual o crime de Confresa soma-se a outras ocorrências, como o assassinato de um petista em sua festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR).

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