Relatos de blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o segundo turno das eleições em curso, circulam nas redes sociais neste domingo, 30, acusando a corporação de agir politicamente e tentar dificultar o direito ao voto no Nordeste. Há imagens mostrando bloqueios em cidades como Jacobina (BA), Garanhuns (PE), Benevides (PA) e Cuité (PB), por exemplo.
Segundo apurou o Estadão, a PRF realizou pelo menos 500 operações de fiscalização parando ônibus no dia da eleição, sendo a maioria no Nordeste. O diretor-geral foi intimado a prestar explicações e compareceu na sede do TSE, em Brasília (DF), para conversar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
No Twitter, a frase mais viral durante a tarde é "Deixem o Nordeste votar", impulsionada pelo senador Humberto Costa (PT) e outros apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O termo havia recebido mais de 1,2 milhão de menções próximo às 15h30 deste domingo, popularidade que supera até mesmo as principais hashtags dos candidatos que disputam a Presidência da República. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) rebatem alegando que as ações serviriam para coibir "compra de votos".
Outras tags relacionadas, como Polícia Rodoviária Federal (188 mil posts), Diretor da PRF (104 mil), Silvinei Vasques (41,7 mil) e crime eleitoral (170 mil) também entraram nos trending topics, lista que informa os assuntos que mais ganham atenção no Twitter. Houve pedidos ainda para que a Justiça Eleitoral estendesse o horário de votação e críticas de que se trataria de uma "ditadura" e um "golpe de Estado".
Relatos nas redes
"Amanhã se quiser fazer, bota 50 viaturas aqui e eu sou a favor. Mas hoje, não", reclamou o prefeito da cidade baiana de Jacobina, Tiago Dias (PCdoB), em conversa gravada com dois agentes da PRF durante blitz na BR-324 e depois compartilhada no Twitter.
Em Garanhuns, cidade natal de Lula em Pernambuco, um homem aparece em frente a um ônibus dizendo que eleitores foram parados quando estavam a caminho de seus locais de votação. "A PRF acabou de parar esse ônibus aqui e o pessoal está impedido, pelo menos por enquanto, para poder escolher o seu, o meu, o nosso presidente. Tentativa de atrasar para que o pessoal não chegue. Isso é uma coisa que revolta a gente", afirma no vídeo.
"Vamos fazer um protesto", grita uma mulher em um ônibus parado em um posto da PRF em Benevides, no Pará. "Não deixam passar nada aqui", relata um morador de Cuité, na Paraíba.
O prefeito da cidade paraibana, Charles Camaraense (Cidadania), também foi ao local e gravou um vídeo relatando a situação. "Não quero acreditar que isso é uma ação orquestrada para que o povo não possa vir votar, mas está acontecendo neste exato momento, em pleno dia de eleição", disse. "Parece orquestrado? Parece, sim."
PRF contraria Alexandre de Moraes
Neste sábado, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, proibiu qualquer operação da PRF relacionada ao transporte público de eleitores até o fim do segundo turno de votação. O descumprimento pode acarretar responsabilização criminal do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, por desobediência e crime eleitoral, além dos agentes que executam a medida. O ministro classificou os casos narrados como "fatos graves que justificam a atuação célere e a adoção de medidas adequadas no intuito de preservar a liberdade do direito de voto".
A coligação Brasil da Esperança, que representa Lula, acionou o TSE contra Vasques por este ter declarado voto em Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais e ações que estariam dificultando o transporte público no País.
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