O jornalista Luan Araújo compareceu ao 4.º Distrito Policial (Consolação) para prestar queixa contra a deputada federal Carla Zambelli (PL) após a parlamentar apontar uma arma contra ele no bairro dos Jardins, em São Paulo, neste sábado, 29. Os advogados de Luan alegam que a parlamentar praticou os crimes de racismo, disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma na véspera da eleição.
A deputada afirma que agiu em legítima defesa após sofrer agressões verbais de Luan e que possuía o porte de arma autorizado por ter autorização federal. Ela também prestou depoimento à Polícia Civil neste sábado.
“Eu ia a uma comemoração de chá de bebê e acabei o dia com uma arma apontada para mim por causa de uma discussão política”, disse Luan ao sair da delegacia.
Luan afirmou que a discussão com Zambelli teve início quando ele saía de uma hamburgueria com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ouviu um grito de “amanhã é Tarcísio”, referente à disputa ao governo paulista entre Tarcísio Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Ele teria respondido “amanhã é Lula”, dando continuidade às provocações. A discussão se agravou e ambos os lados começaram a se xingar, segundo Luan.
Em um dos momentos, Luan se dirige ao grupo que estava com Zambelli como “bando de filho da p..”. Em outro, a chama de “nojenta”. Luan repete que “amanhã é Lula” e que Zambelli “vai voltar para o esgoto” depois da eleição.
Segundo Renan Bohus, advogado de Luan, ele entrou em estado de desespero ao ver a arma e começou a correr com medo de algum disparo. Neste momento, vídeos mostram que um tiro foi disparado. Zambelli alega ter sido um tiro para cima, mas a versão é rejeitada pela defesa do Luan. “O tiro foi na direção dele”, declarou Bohus. Depois, Zambelli ainda correu com uma arma em punho atrás de Luan até um bar.
“Eu não vou comentar, mas eu sou um homem preto, periférico e apontaram uma arma para mim a luz do dia. Só isso”, disse Luan ao ser questionado sobre racismo.
Um segurança da deputada federal Carla Zambelli, identificado apenas como Daniel, foi preso em flagrante pela Polícia Civil no início da madrugada deste domingo, 30, sob a acusação de disparo de arma de fogo. Ele vai passar por audiência de custódia diante da Justiça, que definirá sobre a manutenção da prisão.
“Foi um negócio assustador para mim, e eu estou assustado até agora, porque eu percebo que pode acontecer algo comigo a qualquer momento agora que tem a repercussão. Eu só quero que me protejam, que protejam a minha mãe e a minha família. Nada politicamente, só isso”, disse Luan.
O caso deve ser investigado pelo 78.º DP (Jardins), área de circunscrição da ocorrência.
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