Tombo na aprovação do governo faz Lula acelerar reforma ministerial e investir em pautas populares

Interlocutores do presidente dizem que ele sabe que terá de mudar a cara do governo e anunciar medidas de impacto para reconquistar eleitores perdidos; leia bastidores

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Foto do author Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – A queda acentuada de aprovação do governo em um período de dois meses mostrou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a necessidade de acelerar a reforma ministerial para tentar imprimir outro ritmo à segunda metade de seu mandato. Em conversas reservadas, dois interlocutores de Lula disseram que o presidente está convencido de que precisará mudar a cara do governo e dar respostas rápidas sobre como enfrentar a alta de preços dos alimentos, se quiser ser candidato à reeleição, em 2026.

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Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, revelou a pior avaliação de Lula em todos os seus mandatos, superando até mesmo o índice de desapontamento verificado na crise do mensalão, em 2005. A aprovação do presidente caiu de 35% para 24%. O tombo foi ainda maior quando se analisa o grupo de eleitores que deu a vitória ao petista, em 2022, na disputa contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Na lista estão os mais pobres, moradores do Nordeste e mulheres.

Antes mesmo desse levantamento, o novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, já dizia esperar nova queda de aprovação do presidente após as crises provocadas por notícias falsas sobre taxação do Pix e pelo preço caro dos alimentos.

Lula vai anunciar nova modalidade de crédito consignado privado para atrair classe média. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Sidônio pediu um prazo de três meses para o governo começar a reagir. Foi por causa desse diagnóstico sombrio que Lula voltou a viajar e a dar mais entrevistas.

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Na avaliação do ministro – que nesta sexta-feira, 14, completou 30 dias no cargo –, a crise não se resume, porém, a problemas de marketing. “A expectativa da população é muito grande frente aos mandatos anteriores”, afirmou Sidônio ao participar de plenária do PT, no mês passado. “Mas a comunicação não está apenas na Secom. Ela envolve todo o governo: a política, a gestão e a comunicação são interligadas, transversais. É importante que essas áreas trabalhem em conjunto.”

Lula vai fazer uma reforma ministerial para fortalecer a articulação política do governo no Congresso, a relação do Palácio do Planalto com movimentos sociais e tentar construir alianças nos Estados com setores de centro-direita.

O governo também aposta agora em propostas como a da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil para se aproximar da classe média. Outras medidas, como a da total gratuidade de 41 medicamentos do programa Farmácia Popular e um projeto de lei que tem o objetivo de oferecer gás de cozinha de graça para 22 milhões de famílias, são consideradas importantes para alavancar a popularidade do presidente. Além disso, o governo também vai anunciar uma nova modalidade de crédito consignado privado.

“Eu tenho certeza de que é possível virar o jogo ainda este ano”, argumentou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “Perdemos muitos dos nossos eleitores após a fake news do Pix e a alta do preço dos alimentos, mas mas dá para recuperar. A economia cresceu, o desemprego é o menor desde 2012 e a renda dos trabalhadores subiu 11%. Só que as pessoas não ligam isso ao governo Lula.”

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Questionado sobre o que é preciso ser feito para que o governo se reconecte com seus eleitores, Lindbergh respondeu: “Agora é ir para a disputa política porque a pauta de 2025 tem de estar focada na vida do povo. Não podemos ficar perdendo tempo com a Faria Lima.”

O tímido anúncio da ampliação da gratuidade do programa Farmácia Popular foi considerado um erro por setores do governo e do PT. A medida foi divulgada nesta quinta-feira, 13, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, no encerramento do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. “Isso é uma pauta muito boa. Não pode ser anunciada assim”, disse Lindbergh.

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