A decisão final do presidente da República sobre as mudanças pontuais que fará agora no ministério só serão anunciadas depois da viagem que ele fará a países europeus a partir desta semana. Haveria dois dilemas colocados sobre a mesa de Fernando Henrique. Um é de natureza política e parece já encaminhado. O outro é uma questão de Estado. Neste último caso, o presidente estaria examinando a conveniência de designar para a Justiça um quadro operacional capaz de aumentar os esforços do Brasil na área de segurança e inteligência, uma vez considerando-se que a frente do País na guerra dos seus aliados contra o terrorismo é nesse setor. Os serviços militares de inteligência estão atuantes nessa área, mas a operação a fim de desmontar posições logísticas no território brasileiro, notoriamente na tríplice fronteira de Foz do Iguaçu, depende crucialmente da Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça, que por sua vez teria de ser um quadro capaz de atuar sem atritos com a área militar. Nessa hipótese, a nomeação de um político para ficar cinco meses na função não seria recomendável. O dilema de natureza política está associado às eleições gerais de 2002, mais especificamente à corrida presidencial. O presidente parece ter desistido de uma troca ampla de ministros até o final deste ano. Assim, deve-se esperar que presidenciáveis como José Serra (Saúde), Paulo Renato Souza (Educação), Pimenta da Veiga (Comunicações) e Pratini de Moraes (Agricultura) permaneçam em suas pastas. O mesmo se pode dizer de outros ministros, como Raul Jungman (Desenvolvimento Agrário), Martus Tavares (Planejamento, Orçamento e Gestão), Carlos Melles (Esporte e Turismo), Francisco Dornelles (Trabalho) e Roberto Brant (Previdência), que gostariam de sair só em abril, como manda a lei, para tentar uma vaga no parlamento.
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