BRASÍLIA – Deputados do União Brasil se reuniram nesta quarta-feira, 23, e decidiram apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara. O presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), não participou do encontro. Bivar ensaiou lançar uma candidatura para enfrentar Lira, mas não teve respaldo da legenda e nem do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Excluído do primeiro encontro desta quarta-feira, 23, Bivar participou de outra reunião com os colegas de partido, no final da tarde. Após a segunda reunião, Bivar, Lira e o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), participaram do anúncio oficial da aliança. “Eu agradeço com muita emoção. Nós trabalhamos nos últimos dois anos. Bivar, você é meu companheiro de Mesa (o dirigente é primeiro-secretário da Câmara). Elmar, você representa a liderança do partido, é meu amigo pessoal”, declarou Lira.
O deputado do PP de Alagoas também agradeceu a Bivar e aos representantes de outros partidos que o auxiliaram na condução da Câmara. “Outros companheiros de outros partidos, que compõem a mesa diretora da Casa, deram essa tranquilidade em anos difíceis de pandemia e muita polarização”, afirmou.
Por sua vez, Bivar afirmou que o partido depositou na reeleição de Lira a confiança de que será feita a defesa dos interesses do Legislativo e da democracia “Nós confiamos na sua imparcialidade, na sua defesa do nosso Poder Legislativo, defesa das nossas instituições e por consequência do Estado de Direito. Isso é o mais importante, é a razão do União Brasil existir”.
Antes do anúncio com Lira, Bivar conversou com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na tentativa de negociar um bloco na Câmara com os petistas. O União Brasil elegeu 59 deputados. No Senado, terá entre seus integrantes, a partir de 2023, o ex-juiz Sergio Moro, responsável pelas decisões que levaram Lula à prisão no âmbito da Operação Lava Jato. O partido de Lula avalia entrar no bloco de sustentação a Lira e sinalizou isso hoje a Bivar, mas ainda não bateu o martelo.
A ideia de Bivar é fazer uma composição com o PT para ter maior poder de barganha na negociação dos comandos das comissões e espaços na Mesa Diretora da Casa. “O PT tem que dizer qual o espaço que a gente vai ter. Ele tem a segunda pedida (após o PL, que é o maior partido)”, disse Bivar ao Estadão antes da reunião dos deputados da sigla.
A reunião da manhã sem a presença de Bivar foi mais um capítulo da conturbada relação do dirigente com os parlamentares da bancada. O União Brasil é resultado da fusão do PSL, que também era presidido por Bivar, com o DEM. Quadros como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, secretário-geral do União, e o ex-ministro e deputado eleito Mendonça Filho agiram para minar a pretensão de Bivar de concorrer contra Lira.
Nos últimos dias, a ala pró-Lira, quase unanimidade na legenda, passou a dizer que Bivar foi convencido a apoiar o presidente da Câmara. Também pesou para isso a falta de apoio de Lula, que tem se recusado a entrar em um embate com Lira. O presidente da Câmara está cada vez mais fortalecido por causa do orçamento secreto.
Na prática, o União também negocia a entrada na base do governo de Lula, em troca de cargos, mas a bancada está dividida. No Senado, um dos que não admitem essa ideia é o ex-juiz Sérgio Moro, eleito senador pelo Paraná. A definição sobre ser base ou ficar independente na relação com o governo será tomada posteriormente.
Lula, por sua vez, deu aval para o PT negociar apoio à reeleição de Lira. Terceiro maior partido da Casa, o União se soma ao Republicanos, que nesta terça-feira,22, anunciou adesão à campanha do presidente da Câmara. O PSD e o PDT também indicaram que vão apoiar a recondução do líder do Centrão.
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