BRASÍLIA – Além do Ministério do Turismo, com indicação do deputado Celso Sabino (União-PA) para comandar a pasta, o União Brasil pleiteia cargos como a Embratur, vinculada à pasta, e os Correios. A briga interna entre o presidente da sigla, Luciano Bivar, o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e o senador Davi Alcolumbre (AP), no entanto, atrapalha as negociações com o governo.
De acordo com fontes do Palácio do Planalto, na semana passada, o partido sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o interesse nos dois órgãos – o Turismo já é dado como certo. Segundo relatos, o chefe do Executivo teria pedido o tempo do recesso parlamentar para concretizar as negociações, mas a falta de consenso entre a cúpula do partido tem dificultado o avanço do diálogo. ”Difícil chegar a um consenso quando tem três nomes envolvidos”, disse uma fonte do governo ao Estadão/Broadcast.
Lula quer se reunir com Bivar, Elmar, Sabino e Alcolumbre para aparar as arestas em torno das negociações. Na sexta-feira, 7, Bivar se encontrou com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para tratar da indicação ao Turismo. Inicialmente, também estariam Elmar e Alcolumbre, mas eles desistiram de participar por causa da revolta com o presidente do partido.
Na semana passada, às vésperas da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária, Elmar se irritou com o movimento de deputados da bancada para adiar a apreciação da proposta. Ele creditou a iniciativa ao Bivar e ao Sabino, que estariam insatisfeitos com a demora do governo em trocar o comando do Ministério do Turismo.
O movimento de Bivar e Sabino, de acordo com integrantes do partido, foi visto por Elmar como uma espécie de “barganha pública” e “chantagem” na votação “mais importante do ano” e na principal pauta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o que representaria uma falta de fidelidade a Lira. Elmar e Lira são aliados e o líder do União é visto como forte candidato à sucessão do presidente da Casa.
Antes da votação da reforma tributária, Bivar divulgou uma nota em que defendia o adiamento da apreciação da matéria. O documento continha o nome de 38 parlamentares, mas alguns disseram à reportagem que não autorizaram a assinatura. Nos bastidores, deputados falam até em levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara por avaliarem que a nota seja “fake”. Alguns nomes estavam escritos de forma errada.
Apoio à reforma tributária
Elmar entrou em campo para evitar o movimento da bancada e incumbiu ao deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) a missão de reafirmar a posição do partido em plenário. No fim das contas, 48 dos 59 deputados do partido apoiaram a reforma no primeiro turno. A avaliação de alguns deputados é de que o movimento desgastou Sabino com o partido e o bloco na Câmara e que seu nome já não seria consenso para ocupar o Turismo.
O Palácio do Planalto, no entanto, reafirma que o parlamentar deve ser indicado ao cargo antes do recesso, mas reconhece a dificuldade em chegar a um “consenso” entre integrantes da legenda. Quando houve a indicação de Sabino, Padilha até comemorou a capacidade da sigla em convergir em torno de um nome.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.