A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) demitiu nesta sexta-feira, 26, a servidora Daniela Weintraub, mulher do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, por abandono de cargo e faltas injustificadas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e conclui um processo disciplinar instalado pela universidade em abril de 2023.
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Daniela era professora do departamento de Ciências Atuariais da Unifesp desde novembro de 2013, enquanto Abraham Weintraub iniciou seu vínculo com a instituição um ano depois, em novembro de 2014, no mesmo departamento. Os salários do casal estavam suspensos desde abril de 2023, quando a universidade começou uma investigação para apurar se Daniela e o ex-ministro haviam abandonado seus cargos.
Procurado pelo Estadão, Weintraub afirmou que o caso de Daniela é “igual ao dele” e que os valores recebidos enquanto estavam afastados estão sendo devolvidos via Judiciário. ”Caso igual ao meu. Licença não remunerada, conforme a lei federal. Não autorizamos o depósito do salário (que está sendo devolvido por nós judicialmente). Não concordamos com a grade de aula, etc”, disse o ex-ministro.
A Unifesp informou que o processo administrativo disciplinar (PAD) “seguiu os fluxos internos institucionais”. “Após a devida ponderação dos elementos suscitados no âmbito do PAD e sua respectiva decisão final, a Unifesp procedeu à demissão da servidora”, diz a instituição, em nota.
O que diz a Unifesp
Weintraub alega ‘constrangimento’ e foi punido pela CGU
Em agosto de 2023, em uma transmissão ao vivo publicada em seu canal no YouTube, Abraham Weintraub disse que Daniela solicitou à universidade uma licença não remunerada em 2018. O ex-ministro afirmou que pediu a mesma licença ao assumir o cargo de ministro da Educação, mas continuou a receber os vencimentos. “Sem eu solicitar, eles depositaram dois meses de salário na minha conta, depois pararam e falaram que não estou dando aula”, disse. “Querem criar constrangimento.”
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Em fevereiro, a Controladoria-Geral da União (CGU) determinou a demissão do ex-ministro por faltas injustificadas. Weintraub também está impedido de exercer funções de confiança no Executivo federal por oito anos. O ex-ministro disse que a decisão era uma “perseguição” da “CGU do Lula”.
Abraham Weintraub foi o segundo ministro da Educação da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Deixou a pasta em junho de 2020, após 14 meses no cargo. A saída ocorreu após a divulgação, em maio daquele ano, de um vídeo em que chamou magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” durante uma reunião ministerial.
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Após a passagem pelo Ministério da Educação, foi nomeado como diretor-executivo do Banco Mundial. Permaneceu na entidade de julho de 2020 a abril de 2022, quando deixou o cargo com o objetivo de se candidatar ao governo de São Paulo.
Weintraub está rompido com Bolsonaro desde então, pois o então presidente preferiu apoiar a candidatura ao governo paulista de outro ministro da gestão, Tarcísio de Freitas. O ex-titular da Educação concorreu, então, ao cargo de deputado federal. Teve 4.057 votos e não conseguiu se eleger. Para 2024, o ex-ministro ensaia uma “pré-candidatura” à Prefeitura de São Paulo. Ele pretende judicializar um pedido de candidatura avulsa, ou seja, concorrer ao cargo sem estar filiado a uma legenda.
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Leia a íntegra da nota da Unifesp
Referente à demissão da servidora Daniela Weintraub, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) informa que instaurou um processo administrativo disciplinar (PAD) para apuração de denúncia recebida via Ouvidoria em razão de não comparecimento ao trabalho. A universidade seguiu os fluxos internos institucionais para a apuração dessas ausências injustificadas, suspendendo, então, de forma preventiva, os salários da servidora desde o mês de abril de 2023, data em que o processo foi instaurado. Após a devida ponderação dos elementos suscitados no âmbito do PAD e sua respectiva decisão final, a Unifesp procedeu à demissão da servidora, conforme publicação na edição de hoje, 26 de abril, do Diário Oficial da União.