Valores gastos no Parque Olímpico de Deodoro são ‘muito altos’, diz Fufuca após suspensão de centro

Declarações do ministro do Esporte, André Fufuca, foram dadas na quarta-feira, 26, um dia após o ‘Estadão’ questionar o fim do acordo da pasta com o Exército, que resultou na suspensão de cerca de 80 atividades no Parque Olímpico de Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro

O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), afirmou que os valores destinados à manutenção do Parque Olímpico de Deodoro, no Rio de Janeiro, são “muito altos” e defendeu uma readequação orçamentária para garantir a continuidade das atividades no local. As declarações foram feitas na última quarta-feira, 26, durante agenda com o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), em Brasília, um dia após o Estadão procurar a pasta sobre o fim do acordo de cooperação com o Exército. A decisão levou à suspensão de cerca de 80 eventos sociais e esportivos previstos para este ano no complexo de Deodoro, além de paralisar outros centros mantidos pela Marinha e Aeronáutica no Estado, como mostrou reportagem publicada neste sábado, 29.

“Nós estamos sensíveis à causa, que a gente está procurando aqui uma saída. O que, na verdade, nós queremos é que haja uma readequação dos valores que, hoje, são gastos nesse parque. São valores muito altos. [...] É um valor alto, é um valor considerável, que a gente acredita que pode, com a sensibilidade das pessoas que estão investindo naquela área, ser baixado e poder ajudar mais pessoas também, em outras áreas do Rio de Janeiro”, disse Fufuca, em vídeo compartilhado pelo deputado Pedro Paulo em seu perfil no Instagram.

Ministro André Fufuca, do Esporte, em visita ao complexo olímpico de Deodoro, em julho de 2024, após a pasta sinalizar que não prorrogaria acordo de cooperação com o Exército Foto: Mariana Raphael/Ministério do Esporte

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Como mostrou o Estadão neste sábado, o governo Lula, por meio do Ministério do Esporte, não renovou o acordo de cooperação com o Exército, encerrado em fevereiro, que garantia a manutenção e o funcionamento do centro esportivo – um dos principais legados dos Jogos Olímpicos de 2016. A Força alegou que, sem recursos e respaldo jurídico, foi obrigada a suspender cerca de 80 atividades, entre treinamentos e competições, o que levou à paralisação do complexo.

Procurado pelo Estadão no dia 25 de março, portanto um dia antes da agenda do ministro com Pedro Paulo, o Ministério do Esporte se limitou a dizer, por meio de nota, que “aguarda a sanção do orçamento de 2025 para, a partir da nova realidade orçamentária da pasta, repactuar com o Ministério da Defesa a manutenção dos equipamentos”. A pasta não comentou os impactos da paralisação do complexo em treinamentos e competições.

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A decisão do Ministério do Esporte também afeta a manutenção do legado olímpico sob cuidados da Marinha, no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), na região da Penha, Zona Norte do Rio, e o da Aeronáutica, dentro da Universidade da Força Aérea (Unifa), no Campo dos Afonsos, na região de Realengo.

Mas esses espaços são menores e já existiam dentro de instalações militares. O principal problema gira em torno do Parque Olímpico de Deodoro, administrado pelo Exército. O complexo está fora da área militar e a Força entende que precisa estar respaldada por um instrumento formal para atuar e, principalmente, por verba para manutenção.

O espaço, com cerca de 496 mil metros quadrados, abrange o Centro Militar de Tiro Esportivo, o Centro de Pentatlo Moderno, o Centro de Hóquei sobre a Grama, o Parque Equestre (para provas de salto, adestramento e equitação) e a Arena Wenceslau Malta – instalação multiuso com capacidade para eventos com até 7 mil pessoas e apta a receber eventos internacionais de judô, taekwondo e jiu-jitsu. Nos Jogos de 2016, sediou competições de basquete e esgrima.

O complexo de Deodoro começou a ser erguido em 2004, com vista aos Jogos Pan-Americanos de 2007. Áreas antes usadas pelo Exército foram cedidas para receber instalações esportivas. Depois da competição, houve desentendimentos sobre como se daria a manutenção do parque. Com a escolha do Brasil, em 2009, para a Olimpíada de 2016, o complexo foi ampliado e virou parte do que se considera o legado olímpico tangível – as benfeitorias realizadas na cidades que recebem as competições e servem para atletas e sociedade como um todo.

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Em nota, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Marco La Porta, afirmou ter como premissa a “união de forças em prol do esporte brasileiro” e que cabe ao Comitê “mediar, unir as pontas para que encontremos a melhor solução para as partes”.