Vázquez veta legalização do aborto no Uruguai

Medida havia sido aprovada pelo Congresso com apoio de políticos da base do governo.

PUBLICIDADE

Por Marcia Carmo

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, vetou nesta quinta-feira o artigo que previa a legalização do aborto e fazia parte do projeto da Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva, aprovado pelo Congresso Nacional. A decisão de Vázquez, que já era esperada, ocorreu dois dias após a votação no Senado e contraria deputados e senadores da base governista Frente Ampla que defenderam a medida. O veto de Vázquez foi comunicado por ministros do seu governo ao jornal El Pais, que publicou a notícia na sua edição on line. A autora do projeto foi a senadora da coligação governista Margarita Percovich, que contou com apoio dos diferentes partidos que formam a Frente Ampla. "O presidente é médico, mas conservador como muitos políticos uruguaios", disse à BBC Brasil quando já esperava pelo veto. "A alternativa (ao veto) poderá ser um plebiscito, que poderia ser realizado junto com as eleições presidenciais no ano que vem. Para isso, vamos precisar contar com abaixo-assinado da população", afirmou. Pela Constituição uruguaia, os legisladores precisariam de três quintos dos votos para derrubar o veto. Mas parlamentares da situação, como a senadora Percovich e o deputado Luis Gallo, reconheceram que seria "impossível" conseguir estes votos - 18 senadores e 60 deputados. A discussão dividiu a base governista, quando faltam onze meses para o primeiro turno das eleições presidenciais de outubro. Entre os senadores que votaram a favor da medida estavam o vice-presidente do país e presidente do Senado, Rodolfo Nin Novoa, e os pré-candidatos à sucessão de Vázquez, o ex-ministro da Economia, Danilo Astori, e o ex-ministro da Agricultura, José Mujica. O artigo que legalizava o aborto autorizava a mulher a tomar a decisão até as primeiras doze semanas de gravidez. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.