Veja o antes e o depois de obras restauradas após serem danificadas nos ataques do 8 de Janeiro

Obras começaram a ser expostas nesta quarta-feira, 8, dois anos após os ataques aos prédios dos Três Poderes, em 2023

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – Dois anos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, o Palácio do Planalto apresentou nesta quarta-feira, 8, parte das obras de arte restauradas após os ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. As peças foram submetidas a um processo de recuperação e serão expostas novamente ao público como parte das celebrações pelos dois anos do episódio. Três obras foram expostas nesta quarta em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, o relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle, e uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada.

O relógio histórico de Balthazar Martinot e André Boulle foi arremessado ao chão durante a invasão ao Palácio do Planalto e retorna ao Brasil após ser restaurado na Suíça. De origem francesa, o objeto raro virou um símbolo dos ataques à democracia brasileira em 8 de janeiro de 2023, por causa do grau de destruição e da brutalidade da cena, gravada pelo circuito interno de vigilância da Presidência da República. As imagens rodaram o mundo.

Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle

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Datado do século XVII, o relógio de Balthazar Martinot e André Boulle foi trazido ao Brasil por D. João VI, em 1808. A peça havia sido presenteada à família real portuguesa pela Corte francesa. Balthazar Martinot era o relojoeiro oficial do rei Luís XIV e fabricou apenas dois exemplares. Além do que foi danificado nos ataques de 8 de Janeiro, o outro está exposto no Palácio de Versalhes, na França. Possui metade do tamanho do que pertence ao patrimônio nacional.

A destruição da relíquia foi provocada por Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 32 anos. O mecânico e militante radical trajava uma camiseta preta com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia da intentona golpista e frequentava acampamentos que reuniam bolsonaristas radicais – defensores de um golpe militar, eles se aglomeraram em frente ao Quartel-General do Exército inconformados com a vitória eleitoral do presidente Lula.

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Lula ao lado do relógio histórico foi devolvido ao Palácio do Planalto após ser restaurado na Suíça Foto: Wilton Junior/Estadão

Ânfora italiana em cerâmica esmaltada

Outra obra devolvida ao acervo é uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, que estava com 180 fragmentos catalogados após os ataques. Enquanto o relógio foi restaurado na Suíça, as recuperações das demais obras demandaram um investimento de R$ 2,2 milhões e mobilizaram mais de 30 especialistas para os reparos. Um laboratório foi montado no Palácio da Alvorada, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho incluiu a recuperação de itens feitos de madeira, metal, cerâmica e papel, utilizando técnicas que variaram de análises microscópicas a colagens minuciosas.

De acordo com o Planalto, foram mais de 1.760 horas trabalhadas no laboratório, e as atividades de restauro contaram com a produção de 20 relatórios técnicos detalhando o processo de recuperação de cada obra.

Quadro com a pintura ‘As Mulatas’, de Emiliano Di Cavalcanti

No Palácio do Planalto, o painel “As Mulatas”, com 3,43 metros de largura e 1,12m de altura, do modernista Di Cavalcanti foi perfurado. As imagens divulgadas à época pelo governo mostram ao menos cinco buracos na obra com valor estimado em R$ 8 milhões, segundo o Planalto. A obra retornou ao Palácio e foi reapresentada nesta quarta-feira após restauração.

Ao todo, 21 obras vandalizadas durante a invasão do Palácio do Planalto foram oficialmente reintegradas ao patrimônio durante cerimônia na manhã desta quarta-feira. Cerca de 50 profissionais estiveram diretamente envolvidos nas restaurações, incluindo 12 professores, quatro técnicos e 14 alunos de graduação da UFPel, além de três alunos e dois professores da UnB, e cinco conservadores-restauradores especializados, com a colaboração de profissionais da área de fotografia e audiovisual.

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Veja obras que foram restauradas e que retornaram ao Planalto

  • Escultura O Flautista, de Bruno Giorgi
  • Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín
  • Quadro com pintura do retrato de Duque de Caxias, de Oswaldo Teixeira
  • Quadro representando galhos e sombras, de Frans Krajcberg
  • Quadro com a pintura Fachada Colonial Rosa com Toalha
  • Quadro com a pintura Casarios, de Dario Mecatti
  • Quadro com a pintura Cena de Café, de Clóvis Graciano
  • Quadro com a pintura Paisagem, de Armando Viana
  • Cinco pinturas de Glênio Bianchetti
  • Quadro com a pintura Matriz e Grade no primeiro plano, de Ivan Marquetti
  • Quadro Rosas e Brancos Suspensos, de José Paulo Moreira da Fonseca
  • Tela Cotstwold Town, de John Piper
  • Tela de Grauben do Monte Lima
  • Tela Bird, de Martin Bradley

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