BRASÍLIA – Três governadores aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmaram, até o momento, presença na manifestação convocada pelo ex-presidente na Avenida Paulista, no próximo dia 25. Outros dois já avisaram que não vão ao ato. O evento foi organizado por Bolsonaro após ele virar alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto plano de tentativa de um golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ato é idealizado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que vai alugar um trio elétrico onde o ex-presidente vai discursar para apoiadores. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) confirmaram a ida para o evento.
Bolsonaro, que busca mostrar apoio e força política diante do desenrolar das investigações da PF, terá ao seu lado também o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), ex-ministros e parlamentares do seu “núcleo duro”.
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), já disseram que não vão para a Paulista.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), ainda não se decidiram sobre a participação no ato.
O Estadão também procurou os governadores Ibaneis Rocha (MDB), Distrito Federal; Marcos Rocha (União), Rondônia; Mauro Mendes (União), Mato Grosso; Wanderlei Barbosa (Republicanos), Tocantins; e Wilson Lima (União), Amazonas, mas não obteve retorno.
Tarcísio, Caiado e Jorginho estarão no palanque com Bolsonaro na Paulista
Tarcísio de Freitas foi o primeiro governador a confirmar a ida ao ato na Paulista. No dia 15, o governador disse que não vê elementos obtidos pela PF que possam responsabilizar o seu padrinho político por uma tentativa de golpe de Estado. No último dia 8, quando a operação Tempus Veritatis foi deflagrada, o ex-presidente teve o seu passaporte apreendido.
“Sinceramente, eu não consigo ver – e essa não é uma opinião minha, tem muitos juristas divididos – nada que traga uma responsabilização para ele. Acho que o pessoal está criando muita coisa”, disse Tarcísio, acrescentando: “Com o tempo, tudo vai ser esclarecido”.
Caiado, por sua vez, confirmou no dia 16 à Coluna do Estadão que vai ao ato. De acordo com o chefe do Executivo goiano, que busca ter o apoio de Bolsonaro para a sua eventual candidatura ao Planalto em 2026, a manifestação na Paulista será um ato pacífico para dar voz ao ex-presidente.
“Não é um movimento contra ninguém, como o próprio Bolsonaro fez questão de ressaltar em seu chamamento. Ele quer uma oportunidade para falar ao Brasil e eu estarei ao lado dele”, disse Caiado.
Jorginho Mello, inicialmente, afirmou que não compareceria ao ato por estar em viagem, para compromissos em Dubai, nos Emirados Árabes. No entanto, o governador antecipou o retorno ao Brasil.
Ele foi um dos poucos aliados que defendeu publicamente o ex-chefe do Executivo após a operação da PF, declarando que os investigadores estão “procurando pelo em ovo”.
“Não tem impacto nenhum (a operação da PF). A Polícia Federal parece que não tem mais o que fazer do que ficar requentando os fatos. Estão procurando pelo em ovo. Jair Bolsonaro é um homem decente”, afirmou Mello em vídeo publicado no dia 13.
Aliados que vão se ausentar justificam choque com outros compromissos
O governador do Acre, Gladson Cameli, disse que não poderá comparecer ao ato na Paulista por conta de uma viagem que fará para o Oriente Médio no período em que será realizada a manifestação. Durante as eleições de 2022, onde foi reeleito em primeiro turno para o comando do Estado com 56,7% dos votos, Cameli disse que não apoiar Bolsonaro seria um “prejuízo eleitoral muito grande”.
Porém, logo após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o acreano trocou afagos com o petista, entregando uma cesta com produtos regionais para o mandatário durante uma reunião realizada com governadores no início da atual gestão. Em uma entrevista para a CNN no mês passado, Cameli disse que Lula “está sendo um bom presidente, como sempre foi desde o primeiro mandato”.
O governador de Roraima, Antonio Denarium, que foi eleito em 2018 e reeleito em 2022 na “onda bolsonarista”, disse ao Estadão que não vai para o ato em São Paulo porque estará cumprindo agendas no interior do Estado.
Na época das eleições, Denarium chegou a entregar panfletos e adesivos do ex-presidente para eleitores. No primeiro ano de mandato do petista, o roraimense também elogiou Lula e se disse um governador “centrado”. Depois das eleições, ele também deixou de citar publicamente o nome de Bolsonaro.
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