BRASÍLIA – Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira, 19, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, uma secretária e um ex-secretário de Duque de Caxias (RJ) por fraudes nos cartões de vacinação contra a covid-19. A lista também inclui outras 13 pessoas, que são militares, ex-assessores e servidores públicos.
Eles foram indiciados pelos crimes de associação criminosa e de inserção de dados falsos em sistema de informação. O primeiro delito tem pena prevista de um a três anos de reclusão, enquanto o segundo pode levar a uma reclusão de dois a 12 anos, além do pagamento de multa.
Os indiciamentos foram baseados nos achados da Operação Venire, que foi deflagrada em maio do ano passado e que prendeu preventivamente Mauro Cid. O tenente-coronel foi solto em setembro, após firmar acordo de delação premiada com a PF, onde implicou Bolsonaro em outros crimes que estão sendo investigados, como a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
De acordo com o relatório, o ex-presidente determinou que Cid “intermediasse a inserção de dados falsos” nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha Laura. O tenente-coronel, que também fraudou o próprio documento e os da sua família, teria sido auxiliado pelo ex-major Ailton Goncalves Barros, pelo segundo-sargento Eduardo Crespo Alves, pelo coronel Marcelo Costa Câmara e pelo capitão da reserva do Exército Sérgio Rocha Cordeiro.
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Outro aliado do ex-presidente que foi indiciado por ter auxiliado Cid no esquema foi Max Guilherme Machado de Moura. Ele é um ex-sargento da Polícia Militar do Rio, integrou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e foi segurança de Bolsonaro desde os tempos em que ele era deputado federal. Após o término do mandato, foi mantido entre os oito assessores que o ex-chefe do Executivo tem direito.
A PF apontou que a fraude nos cartões de Bolsonaro e da filha dele foi feita com o auxílio dos servidores Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, Camila Paulino Alves Soares, Marcelo Fernandes Holanda e Paulo Sérgio da Costa Ferreira.
Ex-secretário e secretária de Duque de Caxias estão entre os indiciados
A secretária de Saúde de Duque de Caxias Célia Serrano da Silva também está na lista da PF. Segundo a PF, ela forneceu uma senha para um servidor que teve acesso ao sistema de todas as unidades responsáveis pela vacinação contra a covid-19. As investigações concluíram que o cartão dela e do filho também foram fraudados.
Ex-secretário de Saúde de Duque de Caxias, João Carlos Brecha foi apontado como o responsável por falsificar os cartões de vacina de Bolsonaro e da sua filha, Laura, e da família de Mauro Cid. Assim como o tenente-coronel, ele foi preso em maio do ano passado durante a deflagração da Operação Venire.
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O deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), aliado de Bolsonaro na Câmara, também foi indiciado. Segundo a PF, ele foi um dos “beneficiados do esquema criminoso” por ter fraudado o seu cartão de vacina. De acordo com o relatório, ele teria sido vacinado em Duque de Caxias quando estava em atividade parlamentar em Brasília.
Mulher de Mauro Cid também foi indiciada
Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher do ex-ajudante de ordens da Presidência, também foi indiciada pelos crimes de uso de documento falso e inserção de dados falsos. Segundo a PF, a motivação para que o tenente-coronel iniciasse o esquema de falsificação dos cartões de vacina foi para que a esposa pudesse viajar ao exterior.
A fraude teria sido feita por Luís Marcos dos Reis, um dos integrantes da Ajudância de Ordens da Presidência e pelo médico Farley Vinícius Alcântara, sobrinho de Luís Marcos.
Veja a lista dos indiciados pela PF:
- Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército
- Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde de Duque de Caxias (RJ)
- Camila Paulino Alves Soares, servidora pública
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora pública
- Eduardo Crespo Alves, segundo-sargento do Exército
- Farley Vinícius Alcântara, médico
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal (MDB-RJ)
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
- João Carlos de Sousa Brecha, ex-secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ)
- Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência
- Marcelo Fernandes Holanda, servidor público
- Mauro César Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência
- Max Guilherme Machado de Moura, ex-policial militar e ex-assessor de Jair Bolsonaro
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira, servidor público
- Sérgio Rocha Cordeiro, capitão da reserva do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência
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