Levantamentos internos das campanhas dos candidatos a prefeito de São Paulo indicaram que o episódio da cadeirada do apresentador José Luiz Datena, candidato do PSDB, no ex-coach Pablo Marçal (PRTB) não teve impacto inicial significativo na corrida ao comando da maior cidade do País. Números medidos ao longo de toda a segunda-feira, um dia depois do debate de domingo na TV Cultura onde ocorreu a agressão, mostram apenas oscilações.
Tanto as pesquisas internas de Ricardo Nunes (MDB) quanto as de Guilherme Boulos (PSOL) indicam Marçal na terceira colocação. A diferença é que no tracking de Nunes o prefeito está à frente, enquanto no de Boulos há um empate entre o psolista e o emedebista. Além disso, no estudo do grupo de Boulos, Marçal oscilou levemente para baixo. Já sobre Datena, não houve evolução no tracking de Boulos e um pequeno recuo na de Nunes. Esses levantamentos não são registrados no TSE e, por isso, seus números não podem ser divulgados.
Nos levantamentos feitos pela equipe de Tabata Amaral (PSB), Boulos e Nunes avançaram, ela ficou estável, assim como Datena, enquanto Marçal registrou oscilação para baixo. Em uma pesquisa qualitativa feita pela campanha, os grupos mostraram que a maioria das pessoas, especialmente as mulheres, classificaram a cena da cadeirada como “ridícula”, além de considerarem que Marçal teria tentado capitalizar, se “vitimizando” com a situação. Os grupos viram tanto Marçal quanto Datena como “desequilibrados”, assim como os demais candidatos homens. Também houve reclamações sobre brigas e excesso de xingamentos, tanto no eleitorado feminino quando masculino.
A colunista Monica Gugliano, do Estadão, também relatou que levantamentos internos indicaram que Datena foi visto em pesquisas qualitativas como “transtornado”, enquanto Marçal foi alvo de chacota por ter exagerado em sua reação em uma ambulância, quando estava indo para o hospital.
Ao Estadão, as campanhas dos adversários do ex-coach já apontavam esperar um saldo negativo para ele. Assessores que atuam na linha de frente das campanhas dos concorrentes avaliam que Marçal “passou da dose” ao comparar a agressão sofrida por ele no debate aos atentados contra Jair Bolsonaro (PL) e Donald Trump. Bolsonaro foi esfaqueado durante a campanha presidencial de 2018, enquanto Trump foi alvo de um atentado a tiros em um comício na Pensilvânia este ano.
Pesquisas nesta semana vão confirmar se houve efeito
Três pesquisas eleitorais que serão divulgadas nesta semana vão medir como o eleitor se posiciona após o episódio de domingo. A primeira a ser divulgada será da Quaest na quarta-feira, 18. A pesquisa começou a ser realizada no domingo, 15, dia em que ocorreu a confusão, e se encerra no dia 17. Portanto, haverá um dia entre os três do levantamento em que a repercussão do caso não atinge as respostas do eleitor, uma vez que o encontro ocorreu no final da noite deste domingo.
Na pesquisa anterior do instituto, divulgada no dia 11, Marçal apareceu com 23% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 21%. Datena estava na sequência, com 8%. A margem de erro do levantamento é de três pontos porcentuais.
O Datafolha divulgará seu levantamento na quinta-feira, 19. O levantamento será realizado entre esta terça-feira, 17, e o próprio dia 19. Na última pesquisa do instituto, divulgada na quinta-feira, 12, Marçal apareceu em terceiro lugar, com 19%, enquanto Datena figurava com 6%. No levantamento, estavam empatados tecnicamente na liderança Ricardo Nunes, com 27%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, já que a margem de erro é de três pontos porcentuais.
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A Paraná Pesquisas vai coletar as respostas durante quatro dias, entre esta segunda-feira, 16, e a próxima quinta, 19, e divulgará seus resultados na sexta-feira, dia 20.
O mais recente levantamento do instituto, divulgado na última sexta-feira, 13, mostrou empate triplo entre o prefeito (25,1%), o deputado federal (24,7%) e o influenciador (21%). Na sequência apareceu a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7,9% das intenções, e então Datena, com 7,1%, tecnicamente empatados. A margem de erro é de 2,6 pontos porcentuais.
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