Saiba quem são os alvos da operação da Polícia Federal contra fake news e o que eles dizem

PF cumpre mandados em 5 Estados e no DF em investigação sobre fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal e mira nomes ligados ao ‘gabinete do ódio’; investigados chamam ação da Corte de 'censura', 'abuso de autoridade' e 'cala boca'

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Por Redação
Atualização:

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quarta-feira, 27, ordens judiciais no âmbito do inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e mira nomes ligados ao chamado "gabinete do ódio", grupo de assessores ligados à Presidência da República investigados por disseminar notícias falsas. Agentes realizam 29 buscas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF. Veja a lista completa de todos os envolvidos na operação.

Saiba quem são alguns dos alvos da PF no inquérito das fake news:

Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP)

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Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP) Foto: Dida Sampaio/Estadão

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  • Será ouvida no inquérito

A deputada Carla Zambelli é fundadora do movimento Nas Ruas, que ganhou notoriedade por organizar manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Zambelli está em seu primeiro mandato na Câmara, ao qual se elegeu pelo PSL, e fez campanha pelo então candidato Jair Bolsonaro. Hoje atua como auxiliar informal do governo em momentos de crise. Está envolvida nas investigações da acusação de interferência política feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro ao presidente. 

A deputada foi listada para depôr no outro processo após Moro revelar mensagens trocadas com a parlamentar que indicariam a pressão de Bolsonaro para a substituição de Maurício Valeixo pelo diretor da Abin, Alexandre Ramagem, no comando da Polícia Federal. Em uma das conversas entregues à PF, Zambelli pede que Moro aceite a mudança na direção-geral da PF solicitada pelo presidente e, em troca, ela se comprometeria "a ajudar" o ex-ministro com uma vaga no STF. “Vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB (Jair Bolsonaro) prometer”, escreveu a deputada.

Após a revelação das mensagens na imprensa, a deputada divulgou carta aberta ao ex-ministro se dizendo decepcionada e magoada, questionando se o ex-juiz calculou as respostas para expô-la. Moro foi seu padrinho de casamento.

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Zambelli também atuou na demissão da atriz Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura. Bolsonaro pediu à deputada que encontrasse uma saída honrosa para a atriz. "Veja o que pode fazer para deixar a Regina feliz. Ela deixou a Rede Globo e me sinto responsável", teria instruído o presidente. Veio da deputada a sugestão de oferecer a Regina o comando da Cinemateca Brasileira

Nesta quarta-feira, Zambelli criticou o inquérito do STF, afirmou que o País vive um "estado de exceção" e pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Bia Kicis, deputada federal (PSL- DF)

DeputadaBia Kicis (PSL-DF) usa máscara com inscrição 'E daí?' no plenário da Câmara Foto: Dida Sampaio/Estadão

  • Será ouvida no inquérito

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Bia Kicis é advogada, procuradora aposentada e ativista conservadora. Está em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados e é aliada do presidente Jair Bolsonaro.

Na semana passada, foi ao plenário da Casa usando uma máscara de proteção com a inscrição “E daí?”. A pergunta repercutiu em abril, quando o presidente afirmou não ter o que fazer em relação às milhares de mortes na pandemia do novo coronavírus. A deputada elogiou mudança na orientação do uso da cloroquina, substância sem eficácia comprovada contra a covid-19. “Eu quero aqui louvar o novo protocolo do Ministério da Saúde, agora que libera para os atendimentos do SUS, no início do tratamento, a hidroxicloroquina junto com outros medicamentos que têm se mostrado eficientes no combate ao coronavírus, desde que usados no momento adequado”, afirmou Bia.

Em dezembro, Bia foi expulsa do PSL por “grave infração ética” e “infidelidade partidária”. “É notório que a deputada em questão vem realizando campanha em favor do partido em formação denominado ‘Aliança’ e para tanto desacreditando a agremiação à qual pertence atualmente e contraindicando a permanência de filiados e novas filiações a esta agremiação”, diz um documento assinado pelo presidente do partido Luciano Bivar ao qual o Estadão teve acesso.

Na manhã desta quarta-feira, a deputada protestou nas redes sociais contra o que chamou de "abusos de autoridade e atos antidemocráticos do ministro Alexandre de Moraes".

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Douglas Garcia, deputado estadual (PSL-SP)

O deputado estadual Douglas Garcia Foto: Alex Silva / Estadão

  • Será ouvido no inquérito e foi alvo de mandado de busca e apreensão

Douglas Garcia está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Uma reportagem do Estadão mostrou que ele é um dos principais líderes do Movimento Conservador, que funciona dentro de seu gabinete no parlamento estadual. O presidente do grupo é Edson Salomão, chefe de gabinete de Garcia. Ambos são ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). 

Na operação desta quarta, 27, Salomão também foi alvo de um mandado de busca e apreensão, com o objetivo de apreender computadores, celulares e qualquer dispositivo de comunicação. Outro alvo da operação

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Segundo denúncia feita à Justiça de São Paulo pelo deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP), que rompeu com a família Bolsonaro, a atuação do escritório de Garcia é similar ao chamado “gabinete do ódio”, que abriga os assessores responsáveis pelas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto suspeitos de disseminarem fake news contra adversários políticos.

Em março deste ano, uma juíza de Ribeirão Preto, no interior paulista, autorizou buscas e apreensões para recolher o computador de Maicon Tropiano, auxiliar parlamentar do deputado. A decisão foi tomada em ação movida pelo Ministério Público contra carreata pelo fim do isolamento social que seria realizada no município. Garcia é um dos apoiadores das manifestações recentes a favor do presidente Bolsonaro.

Com histórico de polêmicas, em abril de 2019, Garcia fez um discurso preconceituoso voltado à deputada Erica Malunguinho (PSOL), primeira deputada transexual da Casa. “Se dentro do banheiro de uma mulher, que a minha irmã ou a minha mãe estiver utilizando, entrar um homem que se sente mulher, eu vou tirar primeiro no tapa e depois chamar a polícia”, declarou o deputado no plenário. Em agosto, a Comissão de Ética da Alesp aprovou uma advertência verbal contra Garcia em decorrência do episódio.

Em 2018, teve seu bloco carnavalesco “Porão do DOPS” barrado pela justiça. Segundo o Ministério Público, o evento enaltecia o crime de tortura com homenagens a Carlos Alberto Brilhante Ustra e Sérgio Paranhos Fleury, que foram respectivamente comandante do DOI-CODI e delegado do DOPS durante a ditadura militar.

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Nas redes sociais, Garcia criticou a ordem de busca e apreensão em seu gabinete e acusou o STF de perseguição. "Vocês querem calar a voz dos conservadores através das redes sociais", declarou.

Gil Diniz, 'Carteiro Reaça', deputado estadual (PSL-SP)

Deputado estadual Gil Diniz (PSL) Foto: CAROL JACOB/ALESP

  • Será ouvido no inquérito

O deputado Gil Diniz, também em primeiro mandato na Alesp, é conhecido como "Carteiro Reaça" por ter trabalhado nos Correios e ser crítico ao sindicato da empresa e ao PT.

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Em outubro, fo acusado por um ex-assessor parlamentar de manter um esquema de "rachadinha" em seu gabinete na Alesp. Alexandre de Andrade Junqueira ganhava R$ 15,5 mil e permaneceu no gabinete de Gil Diniz entre março e julho. Em entrevista ao Estadão, o ex-funcionário relatou que a prática era "comum", e haveria também uma "funcionária fantasma", amiga de longa data do parlamentar. Diniz negou as acusações: “Saiu magoado e agora fez essa denúncia”.

O deputado afirmou ao Broadcast/Estadão não ter sido notificado sobre a determinação pelo STF para que seja ouvido em até 10 dias no inquérito das fake news. Ele disse que soube por meio da imprensa que será intimado a depor e chamou de "cala boca" a condução do inquérito.

Filipe Barros, deputado federal (PSL-PR)

O deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

  • Será ouvido no inquérito

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Filipe Barros é advogado e um dos líderes do movimento conservador Direita Paraná. Foi vereador em Londrina entre 2017 e 2018, quando se elegeu para a Câmara dos Deputados com o apoio de Bolsonaro. 

Em abril, chamou a promotora Suzana Lacerda de "desequilibrada" após o Ministério Público encaminhar investigações contra o parlamentar à Procurador-Geral da República. Aliado do presidente, o deputado foi denunciado por descumprir medidas sanitárias preventivas ao coronavírus quando liderou, em 15 de março, manifestações a favor do governo em Londrina. A Justiça do Paraná mandou Barros excluir de seus perfis nas redes sociais publicações consideradas ofensivas contra a promotora.

Sobre a intimação para prestar depoimento, Barros criticou o inquérito do STF e convocou a população às ruas.

Daniel Silveira, deputado federal (PSL-RJ)

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

  • Será ouvido no inquérito

Daniel Silveira é cabo da Polícia Militar do Rio. Está em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados.

Em outubro de 2018, durante a campanha eleitoral, Silveira e o colega de partido Rodrigo Amorim destruíram uma placa de rua que homenageava a vereadora assassinada Marielle Franco. Aliados de Marielle haviam colocado a inscrição em uma das esquinas da Praça Floriano, na Cinelândia, onde fica a sede da Câmara Municipal do Rio. Ao lado de Silveira, Amorim publicou nas redes sociais uma foto segurando a placa quebrada e afirmou que a placa era uma "depredação do patrimônio público".

Já na Câmara dos Deputados, em novembro do ano passado, Silveira e o colega Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancaram à força um cartaz com críticas ao genocídio da população negra e à Polícia MilitarO parlamentar gravou a ação e a divulgou em suas redes sociais.“Agora, não venha atribuir à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro as mortes, porque um negrozinho bandidinho (sic) tem que ser perdoado”, declarou Silveira no plenário da Casa.

O parlamentar já havia criticado a atuação do STF quando a Corte abriu um inquérito para apurar a organização de manifestações antidemocráticas em abril. Silveira convocou um protesto em defesa do presidente Jair Bolsonaro e disse que o Supremo é "comunista". “Meu pensamento é o seguinte: saiam de suas casas... Se vier Augusto Aras, Ministério Público, STF... 'Ah, eu vou investigar os deputados que estão chamando as pessoas para as ruas…’ A pandemia é uma cortina de fumaça", disse.

Sobre o inquérito das fake news, o parlamentar chamou o STF de "ditadura" e fez críticas à imprensa.

Junio Amaral, deputado federal (PSL-MG)

O deputado federal Junio Amaral (PSL-MG) Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

  • Será ouvido no inquérito

Cabo da PM de Minas Gerais, Junio Amaral também assumiu seu primeiro mandato na Câmara em 2019.

Em dezembro de 2018, durante a cerimônia de diplomação dos deputados e governador eleitos em Minas Gerais, Amaral trocou socos com o então deputado estadual eleito Rogério Correia (PT) por um desentendimento com uma placa que pedia a liberdade do ex-presidente Lula.

Nas redes sociais, Amaral disse, em tom de ironia, que ficou "lisonjeado" com a intimação para depor.

Luiz Philippe de Orleans e Bragança, deputado federal (PSL-SP)

Odeputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança. Foto: Gabriela Biló / Estadão

  • Será ouvido no inquérito

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança é conhecido como "príncipe" por ser descendente da família imperial brasileira e foi um dos cotados para vice na chapa à presidência de Jair Bolsonaro. Atua como um dos ideólogos do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro pretende criar para disputar sua reeleição em 2022.

Em entrevista ao Estadão em dezembro, Bragança acusou o Centrão de ser o maior inimigo do governo e, ao defender uma reforma política, comparou deputados a “zé-ruelas com CPF”. “Em 2022 a gente faz uma eleição distrital, se Deus quiser. Aí você vai representar alguém de fato, não será um zé-ruela com CPF que o partido colocou lá para ganhar eleição”, disse.

Luciano Hang, empresário

O empresário Luciano Hang diante do Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 6/9/2019

  • Foi alvo de mandado de busca e apreensão

O empresário Luciano Hang é dono da rede de lojas de departamento Havan. Figura na lista da revista Forbes como o 7º brasileiro mais rico, com patrimônio estimado em US$ 3,6 bilhões. 

Aliado de Bolsonaro, participou ativamente da campanha que o elegeu em 2018. Em outubro daquele ano, às vésperas da eleição, a Justiça do Trabalho de Santa Catarina deferiu uma liminar determinando que a Havan não pressionasse seus empregados a votar no então candidato à presidência. Em um vídeo gravado em uma de suas lojas que repercutiu nas redes sociais, Hang ameaçou deixar o País e, consequentemente, demitir seus 15 mil funcionários, caso Bolsonaro não vencesse a corrida presidencial.

Na semana passada, uma reportagem do Estadão mostrou que a Havan incluiu em seu portfólio itens da cesta básica - como arroz, feijão, macarrão e óleo de soja - na tentativa conseguir liminares na Justiça para ser incluída na mesma categoria dos supermercados, assim driblando o fechamento dos comércios não essenciais devido à pandemia do coronavírus. Mesmo no Estado de São Paulo, onde as regras de isolamento social têm sido mais rigorosas, 20 das 31 lojas da Havan estavam abertas. “Estamos nos reinventando, assim como todo o comércio”, afirmou Hang em nota.

Hang foi mencionado por Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril, divulgada na última sexta-feira. “O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, disse o presidente durante a reunião.

A diretora do Iphan, Kátia Bogéa, foi demitida da direção do órgão depois de Hang reclamar no Twitter, em 7 de agosto de 2019, que o Iphan havia embargado a obra de uma loja sua. A Procuradoria-Geral da República analisa o caso.

Nesta quarta-feira, Hang se defendeu da operação da PF nas redes sociais. "Querem saber se produzi ou patrocinei Fake News contra membros do Supremo Tribunal Federal ou contra a instituição. Jamais fiz isso. Como ficará provado após a perícia dos aparelhos", escreveu em nota.

Allan dos Santos, blogueiro do site Terça Livre

Allan dos Santos, do site Terça Livre, dá entrevista após operação da PF em sua casa, em Brasília Foto: Gabriela Biló/Estadão

  • Foi alvo de mandado de busca e apreensão

O empresário Allan Lopes dos Santos é um dos três sócios do site conservador Terça Livre, já mencionado nas postagens do presidente Bolsonaro nas redes sociais. É um dos principais blogueiros alinhados com o bolsonarismo, seguidor do escritor Olavo de Carvalho e crítico da imprensa tradicional. Foi um dos principais mobilizadores digitais nos ataques contra a repórter Constança Rezende, do Estadão, em março de 2019.

Em novembro, o blogueiro prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News no Congresso para prestar esclarecimentos sobre a acusação de propagar notícias falsas e ataques virtuais contra os adversários do presidente Bolsonaro. À época, ele negou as acusações.

Em janeiro, foi intimado para depor sobre o mesmo tema, desta vez no STF, no âmbito do inquérito que investiga fake news na Corte. Santos não compareceu e justificou a ausência dizendo que seus advogados não tiveram acesso aos autos.

Sara Winter, ex-coordenadora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

A ativista bolsonarista Sara Winter Foto: Instagram / Reprodução

  • Foi alvo de mandado de busca e apreensão

Sara Winter é ativista bolsonarista. Disputou, em 2018, uma vaga na Câmara dos Deputados pelo DEM do Rio, mas não se elegeu. Ocupou, entre abril e outubro de 2019, o cargo de coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade no ministério de Damares Alves, que a indicou para o posto por sua posição contrária ao aborto. 

Neste mês, o Ministério Público do Distrito Federal apresentou uma ação civil pública contra a ativista por uma “milícia armada” acampada em Brasília, conhecida como “300 do Brasil”. Em entrevista à BBC Brasil, Sara admitiu que integrantes do acampamento portavam armas de fogo. O objetivo do grupo seria “exterminar a corrupção e a esquerda em nosso país através de ataques estratégicos baseados em ativismo e inteligência”. Os participantes eram chamados de “militares” que deveriam estar prontos para “dar a vida pela sua nação”.

Sara publicou uma foto do mandado de busca e apreensão desta quarta-feira e protestou nas redes sociais. “(Ministro Alexandre de) Moraes, seu covarde, você não vai me calar!”, escreveu.

Winston Lima, militar reformado e ativista

Winston Lima exibe seu aparelho celular, ferramenta de trabalho que costuma utilizar nas transmissões ao vivo. Foto: Foto: Dida Sampaio / Estadão

  • Foi alvo de mandado de busca e apreensão

Um dos principais organizadores das manifestações em Brasília que pedem fechamento do Congresso e do STF, Winston Rodrigues Lima é capitão reformado pela Marinha. No ano passado, passou a frequentar o Palácio da Alvorada e transmitir as conversas do presidente Jair Bolsonaro com apoiadores no local. Nos últimos meses, tem ajudado a promover manifestações quase semanais de apoio ao governo, durante os fins de semana, quee têm atraído críticas por provocar aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus. 

Nesta quarta, 27, após receber agentes da PF que cumpriam o mandado de busca e apreensão, Lima disse desconhecer o motivo da ação. “Não fui informado sobre a razão de tudo isso”, ele escreveu. “Muito triste”, completou, com uma foto do mandado judicial

Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e ex-deputado federal

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson Foto: JF DIORIO/ESTADÃO

  • Foi alvo de mandado de busca e apreensão

Um dos delatores do Mensalão, o presidente do PTB Roberto Jefferson foi condenado a 7 anos de prisão e multa de R$ 720 mil no julgamento do esquema de corrupção no STF. O político foi considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em 2005, suas declarações acabaram levando à descoberta do esquema de compra de deputados federais da base aliada do governo. Ele reconheceu à época que recebeu R$ 4 milhões do PT em troca do apoio parlamentar do PTB ao governo Lula.

Em entrevista ao Estadão em abril deste ano, o político afirmou que enxergava uma tentativa do Congresso de promover o impeachment do presidente Bolsonaro, sobre quem tem dado declarações de apoio nas últimas semanas. “Para derrubar Bolsonaro, só se for a bala”, afirmou o ex-deputado federal, ao citar a possibilidade de um confronto de “sangue” entre direita e esquerda.

Jefferson é apontado como um dos líderes do Centrão, bloco informal no Congresso formado por parlamentares que estão negociando cargos no governo federal em troca de blindagem a Bolsonaro em um eventual processo de impeachment.

No início do mês, o político recomendou a Bolsonaro demitir todos os ministros do STF, ainda que não exista base legal para isso, e cassar as concessões ligadas ao grupo Globo. Na sequência,  postou uma foto segurando uma arma e escreveu: "Estou me preparando para combater o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da Pátria. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos".

Nas redes sociais, Jefferson chamou de "censura" o mandado de busca e apreensão em sua casa. "Atitude soez, covarde, canalha e intimidatória, determinada pelo mais desqualificado Ministro da Corte. Não calarei", escreveu.