A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro bateu o martelo, nesta terça-feira, 13, sobre as primeiras convocações para depoimento. No meio dos 283 pedidos de oitivas analisados na sessão, estão os aprovados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, além dos militares e ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno. No total, foram acatadas 36 solicitações na sessão.
Veja quem foi convocado para a CPMI do 8 de Janeiro até o momento:
Mauro Cid
Ex-ajudante de ordens durante a gestão de Jair Bolsonaro na Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid está preso preventivamente desde o dia 3 de maio, no âmbito da Operação Venire, da Polícia Federal. Ele é suspeito de ter agido para viabilizar a falsificação dos cartões de vacinação do ex-presidente e da filha dele.
No celular do ex-ajudante de ordens, que foi apreendido na ocasião da prisão, agentes da PF encontraram mensagens de teor golpista depois da derrota de Bolsonaro nas urnas. Também havia um rascunho de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), normativa que permite intervenção das Forças Armadas. Mauro Cid trocou mensagens nas quais se mostrou preocupado com a possibilidade de um suposto esquema de corrupção envolvendo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ser interpretado como um esquema de “rachadinhas”.
Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública de Ibaneis Rocha (MDB-DF) foi alvo de 18 requerimentos para depor na CPMI, tanto como testemunha quanto como investigado.
Torres esteve preso preventivamente de 14 de janeiro até 11 de maio, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele é suspeito de ter sido conivente com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Na sua residência, a PF encontrou uma “minuta de golpe”, documento que, uma vez assinado pelo ex-presidente, poderia instalar um estado de exceção no País.
Recluso na residência dele em Brasília, Torres faz uso de tornozeleira eletrônica, não pode ter redes sociais e tampouco se comunicar com outros investigados. Delegado da PF, ele está com o porte de arma suspenso.
Ailton Barros
Advogado e militar expulso do Exército em 2006 por abuso e desacato, Ailton Barros é uma das pessoas que foram presas na Operação Venire, da PF, que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha dele, Laura. Quando foi candidato a deputado federal, Barros se apresentava como o “01 de Bolsonaro”.
Em mensagens trocadas com Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente, Barros disse saber quem é o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, executada a tiros, em março de 2018, com seu motorista. Seu depoimento foi solicitado em sete requerimentos. Barros será convocado como testemunha.
Augusto Heleno Ribeiro Pereira
Ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante a gestão de Bolsonaro, o general Augusto Heleno foi alvo de nove pedidos de depoimento. Ele aceitou depor na CPI que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), mas voltou atrás por orientação de seu advogado. No final das contas, o ex-ministro de Bolsonaro foi à CPI no último dia 1.º, quando disse que os acampamentos bolsonaristas na frente dos quartéis do Exército eram “locais sadios”.
Walter Braga Netto
Outro nome cuja convocação foi aprovada é o do ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto. Na eleição passada, ele foi o vice do ex-presidente. Considerado um dos aliados mais fiéis do bolsonarismo, o general é defensor do voto impresso. Braga Netto é influente nos bastidores do PL e é uma das apostas do ex-presidente na eleição do Rio em 2024.
Fábio Augusto Vieira
Alvo de oito solicitações para depor na CPMI, o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira foi afastado do cargo e chegou a ser preso, suspeito de ter sido conivente com os atos de invasão e depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro.
No depoimento que prestou à Polícia Federal em 12 de janeiro, Vieira disse que o Exército “estava mobilizado para não permitir” a entrada da PM no Setor Militar Urbano, onde ficava o acampamento bolsonarista em Brasília.
Antônio Elcio Franco Filho
O coronel Elcio Franco fez parte do governo de Jair Bolsonaro. Ele foi secretário-executivo do Ministério da Saúde, ocupando a posição de “número 2″ na gestão do general Eduardo Pazuello, entre junho de 2020 e março de 2021.
Na Operação Venire, a PF encontrou um áudio trocado entre o coronel e Ailton Barros, no qual eles teriam tramado supostos atos golpistas.
Jorge Eduardo Naime Barreto
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Silvinei Vasques
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal por causa da atuação da PRF no bloqueio de estradas feito por manifestantes bolsonaristas, em outubro de 2022. Ele também é investigado por pedir votos para Jair Bolsonaro em suas redes sociais.
Vasques foi exonerado do cargo de chefia que ocupava na PRF no dia 20 de dezembro de 2022. Três dias depois, aos 47 anos, ele se aposentou da corporação, recebendo a totalidade dos seus rendimentos.
Alan Diego dos Santos Rodrigues
Ex-taxista, Alan Diego dos Santos Rodrigues foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por ter planejado um atentado a bomba na rodovia que dá acesso ao Aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro, com George Washington de Oliveira Sousa. Rodrigues colocou o artefato explosivo em um caminhão.
De acordo com a sentença do juiz Osvaldo Tovani, da 8.ª Vara Criminal de Brasília, o crime só não se consumou por uma falha técnica no explosivo. Os comparsas se conheceram no acampamento na frente do Quartel-General do Exército na capital federal.
George Washington de Oliveira Sousa
Ao lado de Alan Diego dos Santos Rodrigues, George Washington de Oliveira Sousa foi condenado pela tentativa de atentado a bomba. Os dois se conheceram no acampamento bolsonarista na frente do QG do Exército, em Brasília. A pena de Sousa foi maior – 9 anos e 4 meses de prisão – porque, segundo decisão da Justiça, algumas munições foram apreendidas com ele.
Wellington Macedo de Souza
Ele foi o terceiro réu do caso de Alan Diego dos Santos Rodrigues e George Washington de Oliveira Sousa, acusados de deixar um artefato explosivo no caminhão perto do aeroporto. A Justiça decidiu desmembrar o processo de Wellington Macedo de Souza, pelo fato de ele estar foragido.
Na gestão Bolsonaro, Souza foi assessor no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pasta comandada por Damares Alves, hoje senadora pelo Republicanos do DF.
Jeferson Henrique Ribeiro Silveira
Silveira foi o motorista do caminhão no qual Alan Diego dos Santos Rodrigues e George Washington de Oliveira Sousa deixaram um explosivo no dia 24 de dezembro. Desconfiado da caixa de papelão que estava no veículo, ele depositou o objeto no canteiro central da rodovia e chamou a polícia.
Adauto Lucio de Mesquita
O empresário, dono de uma rede de atacados em Brasília, foi apontado como suposto financiador dos atos de 8 de janeiro. Foi convocado como testemunha.
Ainesten Espírito Santo Mascarenhas
Requisitado como testemunha da CPMI, Ainesten é sócio da Construtora Meirelles Mascarenhas, cuja principal atividade econômica é a construção de rodovias e ferrovias.
Albert Alisson Gomes Mascarenhas
Convocado como testemunha, Albert é filho do depoente da CPMI Ainesten Espírito Santo Mascarenhas e esteve presente nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Argino Bedin
O produtor rural de soja, de Mato Grosso, é um empresário acusado de supostamente financiar os atos de 8 de janeiro. Ele será ouvido como testemunha na CPMI.
Diomar Pedrassani
Empresário acusado de financiar os atos de 8 de janeiro, Diomar Pedrassani é um dos investigados pelo Supremo que teve suas contas bancárias bloqueadas. Será ouvido como testemunha na CPMI.
Edilson Antonio Piaia
Assim como Pedrassani, o produtor rural matogrossense Edilson Antonio Piaia é suspeito de ter financiado os atos golpistas de janeiro e também teve suas contas bancárias bloqueadas.
Fernando de Souza Oliveira
Oliveira foi secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, ocupando a posição de “número 2″ da pasta. Ele estava à frente do órgão no 8 de janeiro, pois o titular, Anderson Torres, viajava aos Estados Unidos com a família.
Gustavo Henrique Dutra de Menezes
O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes era o chefe do Comando Militar do Planalto (CMP) no dia do ataque aos três Poderes. Investigado também pela PF, ele foi exonerado do cargo no dia 11 de abril, às vésperas do depoimento dele.
Jorge Teixeira de Lima
Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Jorge Teixeira de Lima será ouvido como testemunha na CPMI.
José Carlos Pedrassani
Empresário suspeito de ter financiado os atos de 8 de janeiro. Será ouvido como testemunha na CPMI.
Joveci Xavier de Andrade
Presente nos atos de 8 de janeiro em Brasília, Joveci Xavier de Andrade será ouvido como testemunha na CPMI e é suspeito de ter financiado as manifestações.
Júlio Danilo Souza Ferreira
Foi secretário de Segurança Pública do Distrito Federal até o final do primeiro mandato de Ibaneis Rocha. O sucessor dele foi Anderson Torres.
Leandro Pedrassani
Empresário suspeito de ter financiado os atos de 8 de janeiro. Será ouvido como testemunha na CPMI.
Leonardo de Castro
Diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal, Leonardo de Castro será ouvido como testemunha.
Marcelo Fernandes
Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Marcelo Fernandes será ouvido como testemunha na CPMI.
Márcio Nunes de Oliveira
Ex-delegado-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira será ouvido como testemunha na CPMI.
Marília Ferreira de Alencar
Marília Ferreira de Alencar foi subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Ela prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF e disse que alertou os superiores sobre o risco do que poderia acontecer em 8 de janeiro.
Milton Rodrigues Neves
Delegado da Polícia Federal, Milton Rodrigues Neves será ouvido como testemunha na CPMI.
Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra
No 8 de janeiro, o coronel da Polícia Militar Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra estava à frente do Departamento de Operações, cobrindo a folga de Jorge Eduardo Naime Barreto, que foi preso. A Procuradoria-Geral da República pediu a quebra do sigilo das comunicações dele.
Roberta Bedin
A empresária é suspeita de ter financiado atos antidemocráticos em Brasília após o segundo turno da eleição de 2022 e chegou a ter os bens bloqueados por ordem do Supremo. Ela será ouvida como testemunha na CPMI.
Robson Cândido
Robson Cândido é delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal.
Valdir Pires Dantas Filho
Perito da Polícia Civil do Distrito Federal, Valdir Pires Dantas Filho será ouvido como testemunha na CPMI.
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