Vereadora trans enfrenta ofensas e interrupções durante posse em Araraquara

Reeleita com 1.747 votos, Filipa exerce seu segundo mandato como a primeira vereadora travesti de Araraquara

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Foto do author Henrique Sampaio

A posse do prefeito e dos vereadores de Araraquara, no interior de São Paulo, realizada na quarta-feira, 1º, foi marcada por vaias e ofensas transfóbicas contra a vereadora Filipa Brunelli (PT). Durante seu discurso, Filipa criticou o prefeito recém-empossado, Dr. Lapena (PL), por seu alinhamento ideológico.

Em seguida, declarou que fará oposição ao prefeito e associou seu governo a um “alinhamento ao retrocesso e à defesa de figuras políticas violadoras de direitos humanos”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do mesmo partido. Essas declarações geraram vaias e protestos na plateia, incluindo ofensas transfóbicas.

Filipa Brunelli (PT), vereadora de Araraquara (SP) Foto: Reprodução/Instagram

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A reação do público a impediu de concluir sua fala. Diante da situação, a vereadora solicitou a intervenção do presidente da Câmara, Rafael de Angeli (Republicanos). Ele pediu respeito e lembrou que o regimento interno assegura o direito à manifestação dos vereadores. Mesmo assim, as vaias continuaram, dificultando a conclusão do discurso de Filipa.

Após a intervenção do presidente da Câmara, Filipa continuou: “Fica o convite para vossas excelências concorrerem à próxima eleição e também terem a oportunidade de estarem aqui fazendo esse discurso”. A fala gerou mais protestos da plateia. Para se sobrepor aos gritos, Filipa eleva o tom da voz para conseguir concluir. “Meu compromisso é com o povo e estarei disposta a contribuir por uma cidade melhor, desde que isso não signifique sacrificar os direitos das minorias políticas ou abrir mão de nossos princípios progressistas.”

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Reeleita com 1.747 votos, Filipa exerce seu segundo mandato como a primeira vereadora travesti de Araraquara. Ela afirma que foi a única parlamentar impedida de falar durante a cerimônia. “Somente o meu discurso foi completamente interrompido, e não somente por vaias”, afirmou.

Veja o momento em que a vereadora é interrompida, em 02:03:40 do vídeo abaixo:

O gabinete de Filipa busca identificar os autores das ofensas por meio de gravações da cerimônia. Embora a Câmara disponha de imagens limitadas, a equipe tenta localizar vídeos feitos pelo público. Até o momento, não foram tomadas medidas judiciais devido à falta de evidências claras.

Essa não é a primeira vez que Filipa enfrenta ataques transfóbicos. Em 2021, ela acionou o Ministério Público após sofrer ofensas violentas online devido a seu apoio ao lockdown durante a pandemia. O caso resultou, em 2023, na condenação de dez pessoas por LGBTfobia, marcando a primeira decisão judicial do tipo na comarca de Araraquara.

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As penas impostas aos responsáveis incluíram até um ano, seis meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de multa. Filipa celebrou a decisão como uma conquista histórica: “A transfobia e a LGBTfobia não são opiniões, e sim discurso de ódio.”

Eleita em 2020 como uma das 26 pessoas trans a conquistar um cargo político no Brasil, Filipa também já havia assumido, em 2017, a posição de Assessora Especial de Políticas LGBT em Araraquara. Desde então, consolidou-se como uma importante voz do movimento LGBTQIA+ na região.

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