Vereadores eleitos em São Paulo gastaram até R$ 72 por cada voto; veja lista

Valores se referem às despesas contratadas declaradas pelos vereadores na prestação de contas à Justiça Eleitoral; afilhados políticos de Milton Leite estão entre os que tiveram votos mais ‘caros’

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Foto do author Matheus Lara

Os vereadores que conseguiram um mandato para os próximos quatro anos na Câmara Municipal de São Paulo gastaram entre R$ 2,89 e R$ 72,43 por cada voto que receberam nas urnas da capital paulista. O custo médio do voto entre os 55 eleitos foi de R$ 37,66.

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O levantamento do Estadão com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou o total de despesas contratadas declaradas pelas campanhas até o último dia 5, prazo máximo para a prestação de contas eleitorais, e a votação que cada vereador eleito obteve no pleito.

A lista dos cinco vereadores que tiveram votos mais caros em São Paulo é formada por vereadores de PSD, União e PL, que estão entre os partidos que mais receberam verba pública do Fundo Eleitoral para Financiamento de Campanhas (FEFC).

O vereador que mais arrecadou e mais gastou, ocupando também a primeira posição no voto mais caro da capital, é Rodrigo Goulart (PSD), que gastou R$ 72,43 por cada voto que recebeu dia 6 de outubro. As outras duas campanhas no pódio do voto mais caro são dos afilhados políticos de Milton Leite, presidente da Câmara Municipal, Silvinho e Silvão Leite, ambos do União Brasil, que desembolsaram, por voto, R$67,30 e R$55,20, respectivamente.

Além deles, fecham a lista de vereadores eleitos com voto mais caro Gilberto Nascimento (PL), R$ 53,74, e Pastora Sandra Alves (União), R$ 51,84.

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Vereador desde 2016, Goulart vai para seu quarto mandato na Câmara, sempre pelo PSD. Da base do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB), o vereador recebeu quase 89% dos R$ 4.288.678,09 de recursos da campanha oriundos do Fundo Eleitoral, enquanto quase R$ 500 mil vieram de doações. Os maiores gastos foram com militância (mais de R$ 1,9 milhão), publicidade impressa (R$ 777 mil) e impulsionamento nas redes sociais (R$ 336 mil). Goulart recebeu a 14ª votação mais expressiva entre os vereadores, com 58.715 votos.

Por nota, Goulart afirmou que “todos os gastos da campanha foram declarados na prestação de contas, em conformidade com a legislação eleitoral”.

Silvinho, segundo voto mais caro da capital, gastou ao todo R$ 3.247.146,81. Dos mais de R$ 3,7 milhões em receita, 97% vieram do Fundo Eleitoral. As duas principais despesas foram com militância e com materiais impressos, enquanto o terceiro maior valor da lista, de R$ 350 mil, foi de doação para outros candidatos.

“Minha campanha respeitou o teto estipulado pela Justiça Eleitoral para o cargo de vereador da cidade de São Paulo e estou muito satisfeito com o resultado das urnas”, disse Silvinho ao Estadão. Assim como ele, Silvão Leite destacou que os gastos de sua campanha estão dentro do teto e, portanto, dentro da legalidade, e comemorou a vitória que considera “justa e resultado de muito trabalho”. Gilberto Nascimento também disse ter apenas cumprido a legislação eleitoral.

O limite de gastos para o cargo de vereador na capital foi de R$ 4.773.280,39, quase atingido por Goulart, o primeiro da lista dos votos mais custosos, com R$ 4.252.647,77 empenhados na campanha. As sobras eleitorais do candidato, ou seja, a diferença entre a receita e a despesa da campanha, foi de apenas R$ 655,32.

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Após quase 30 anos como vereador, Milton Leite não disputou essas eleições, mas apostou nos dois apadrinhados para continuar seu legado. Silvão Leite é chefe de gabinete de Milton, enquanto Silvinho ocupa o mesmo cargo na Subprefeitura de M’Boi Mirim, reduto eleitoral do presidente da Câmara.

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Como mostrou o Estadão, a projeção de aliados próximos era de que apenas Silvão, presidente da escola de samba Terceiro Milênio e nome mais conhecido, fosse eleito, enquanto Silvinho terminasse o pleito como suplente. Os dois, entretanto, tiveram votações expressivas: 63.988 em Silvão, que terminou em 11º mais votado, e 53.453 votos para Silvinho, na 21ª posição. O último candidato que conquistou a vaga teve pouco mais de 22 mil.

Também entre os votos mais caros, Pastora Sandra teve em despesas o valor de R$ 3.566.200,37, que pagou com recursos que recebeu integralmente do Fundo Eleitoral. A maior parte das despesas dela, 61,2%, ou mais de R$ 2,3 milhões, envolveu o pagamento de pessoal por atividades de mobilização e militância de rua. Outros R$ 350 mil foram gastos com impulsionamento de conteúdos, e R$ 316 mil por serviços prestados por terceiros, figurando os três maiores gastos da campanha. O custo por voto na vereadora foi de R$ 51,84, quarto lugar da lista.

“Para além da discussão da eficiência do gasto, está o aspecto republicano desse recurso público e das possíveis distorções na disputa eleitoral. Presidentes de partidos são, não raro, chamados de caciques políticos e, por isso, destinam os recursos para os candidatos de sua preferência e/ou grupo político. Tal fato acaba, muitas vezes, por desencorajar o surgimento de novos atores políticos e novas lideranças”, analisou o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie.

Voto mais barato foi de vereador eleito pelo PP

O campeão de eficiência foi Sargento Nantes (PP), terceiro mais votado da cidade. Os menos de R$ 3 investidos por voto são também reflexo da alta votação do vereador eleito, que foi escolhido por mais de 112 mil eleitores. Amanda Paschoal (PSOL) e Lucas Pavanato (PL), os mais bem votados de seus partidos, também estão entre as três campanhas com voto mais econômico. Todos os vereadores citados neste texto foram procurados pela reportagem.

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Concorrendo pela primeira vez na capital, Nantes se elegeu suplente de deputado federal em 2022 e de vereador de Campinas em 2020. O candidato eleito recebeu R$ 324.811,61 para os gastos com a campanha – quase 93% oriundos do Fundo Eleitoral. Sobrou apenas R$ 130,80 do dinheiro investido em serviços prestados por terceiros (R$ 133 mil), materiais impressos para publicidade (R$ 92.165) e impulsionamento de conteúdos online (R$ 84.566), seus três maiores gastos.

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