Vice-líder de Tarcísio recusa secretaria na gestão de Nunes enquanto disputa posição de vice

Ida de Tomé Abduch para administração municipal abriria espaço na Alesp para Danilo Campetti, ex-assessor do governador; por isso, decisão do deputado desagrada aliados do Palácio dos Bandeirantes

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Foto do author Gustavo Côrtes
Atualização:

Vice-líder do governador Tarcísio de Freitas na Alesp, o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos) recusou, por ora, o convite para assumir a Secretaria de Urbanismo e Licenciamento na gestão do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). O cargo lhe foi oferecido há cerca de um mês, na tentativa de contemplar aliados de Jair Bolsonaro na administração municipal. Embora não descarte ocupar o posto no futuro, o parlamentar ainda nutre esperança de ser o vice na chapa de Nunes, a quem já comunicou sua decisão. Procuradas, as gestões municipal e estadual não se manifestaram, assim como o deputado.

Sua indicação para o cargo na Prefeitura teve apoio de Tarcísio, cujo ex-assessor especial Danilo Campetti, suplente do Republicanos, assumiria mandato se Abduch se licenciasse. Por isso, a negativa do deputado desagradou auxiliares do governador, que se queixam da resistência dele em ajudar a resolver um problema que se arrasta desde o ano passado.

O deputado estadual Tomé Abduch, do Republicanos, já rejeitou uma sondagem no governo estadual e agora uma também na Prefeitura Foto: Rodrigo Romeo/Alesp

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Campetti é agente da Polícia Federal e trabalhou junto ao governador no Palácio dos Bandeirantes até junho do ano passado, quando o Ministério da Justiça cancelou sua cessão sob alegação de que a corporação sofria com a falta de efetivo. Dois meses depois, ele foi afastado da PF devido a um processo administrativo disciplinar a que responde por ter usado o distintivo durante o tiroteio ocorrido em Paraisópolis em outubro de 2023, quando Tarcísio fazia agenda de campanha na comunidade. Sua reintegração ocorreu somente no último dia 20.

O policial participou da escolta de Lula em saída da prisão durante a Operação Lava Jato e explorou isso exaustivamente em sua campanha a deputado federal. Ele também atuou na segurança de Bolsonaro nas eleições de 2018 e foi um dos agentes que o socorreu após a facada em Juiz de Fora, Minas Gerais. Por isso, auxiliares de Tarcísio consideram que a exigência de seu retorno, assim como seu afastamento, são atos de represália por sua filiação política e proximidade ao ex-presidente.

Em setembro do ano passado, o deputado Tomé Abduch foi convidado a assumir a Secretaria Estadual de Turismo, e declinou. O arranjo permitiria a Campetti assumir uma cadeira na Alesp. Na época, o titular da pasta, Roberto de Lucena, balançava no cargo, mas conseguiu se estabilizar.

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Danilo Campetti escoltando Lula no velório de seu neto em São Bernardo do Campo (SP), em 2019 Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Abduch é líder do movimento Nas Ruas, que organizou manifestações contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff e tem entre seus fundadores a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Em 2022, elegeu-se na esteira do voto bolsonarista, por isso seu perfil foi considerado ideal para assumir um posto na gestão municipal, já que Bolsonaro deve ser o principal cabo eleitoral de Nunes na campanha à reeleição.

Marcos Gadelho, atual titular da Secretaria de Urbanismo e Licenciamento, já comunicou ao prefeito que deseja sair do cargo, mas segue no comando da pasta enquanto não se define um substituto.

Almejada por Abduch, a vice de Nunes segue em disputa. Bolsonaro indicou o policial militar da Rota Ricardo Mello Araújo, que comandou a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) no governo do ex-presidente.

No entorno de Nunes, contudo, o nome não foi bem recebido. A avaliação é de que o eleitorado da capital não vê com bons olhos a participação de um militar “linha dura” na chapa.

Independentemente de receber cargo na gestão municipal, Abduch vai apoiar Nunes, já que seu partido, o Republicanos, fechou apoio ao prefeito.

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