Vice do PT prega inocência de irmãos Brazão e Anielle Franco recorre a comitê de ética do partido

Ministra do governo Lula diz que dirigente do PT utiliza o cargo de forma ‘repugnante’ e promete protocolar um pedido contra Washington Quaquá

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – O vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá (RJ), saiu em defesa dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados pela morte da vereadora do Rio Marielle Franco, em 2018. No Instagram, o petista postou foto ao lado de familiares dos Brazão e declarou que não há provas de envolvimento dos dois com o crime. Irmã de Marielle, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reagiu e prometeu recorrer ao comitê de ética do partido.

O prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, vice-presidente do PT, recebe família dos irmãos Brazão e diz que não há provas de envolvimento em assassinato de Marielle Franco Foto: Reprodução via X

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Na legenda da postagem, Quaquá disse que está defendendo os Brazão por “não ser um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz”. O vice-presidente do PT ainda tentou associar, sem provas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da execução da vereadora, o que foi descartado pela investigação da Polícia Federal (PF).

“A realidade é que usaram a família Brazão de bucha de canhão para ocultar, inclusive, o fato de que o assassino brutal esteve um dia depois no condomínio onde moram Bolsonaro e seu filho. Isso foi deixado de lado pela investigação”, afirmou Quaquá em postagem feita pelo Instagram nesta quinta-feira, 9.

Domingos e Chiquinho Brazão estão presos desde março do ano passado após serem apontados pela PF como os mandantes da execução da ex-vereadora. De acordo com o inquérito, finalizado seis anos após o crime, o assassinato foi motivado por grilagem de terras que eram de interesse de milicianos ligados aos Brazão. Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no bairro carioca do Estácio em 14 de março de 2018.

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Também pelo Instagram, Anielle disse, sem citar o nome de Quaquá, que dirigente do partido está usando o nome da irmã “sem qualquer responsabilidade”. A ministra prometeu entrar com uma ação em desfavor do vice-presidente no partido e chamou a atitude dele de “repugnante”.

“Vou protocolar um pedido na comissão de ética do partido sobre o dirigente que se utiliza desse caso de maneira repugante e que é contra a postura do próprio governo e do partido”, disse Anielle.

Essa não é a primeira vez que Quaquá toma uma posição contrária ao PT e defende publicamente os irmãos Brazão. Na época em que eles foram presos, o prefeito de Maricá disse ao Estadão que não estava “plenamente convencido” da participação de Domingos no crime.

“Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado. Não vi ainda provas cabais. Eu conheço ele há 20 anos. Será uma surpresa negativa [se ele estiver envolvido], porque é um negócio brutal”, afirmou Quaquá à Coluna do Estadão. “Eu acho que não é hora de apontar nenhum inocente, sem que a gente tenha clareza de todas as circunstâncias”, completou.

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A declaração causou atritos no partido, porém, Quaquá acabou sendo blindado. Em uma reunião da cúpula petista onde foi discutido um possível afastamento dele da vice-presidência, o placar foi de 26 votos contrários a 17 favoráveis.

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