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Opinião | As ideias antigas do presidente Lula são seu principal problema, não a idade

Comparação do petista brasileiro com Joe Biden é descabida; o problema principal para Lula é ser vítima de sua própria visão dos fatos

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Foto do author William Waack
Atualização:

Apelidar Lula de “Biden da Silva” está ganhando tração nas lacrações na internet, num tipo de ataque por parte de adversários mais habilidosos no espaço digital do que a corrente política do presidente brasileiro. A comparação, porém, é descabida.

Joe Biden é uma vítima clara de senilidade, definida como doença degenerativa crônica que afeta a memória, o raciocínio e o comportamento de pessoas idosas. A enfermidade o obriga a ter de tomar uma única decisão (abandonar ou não a reeleição), pessoal e política, de enormes consequências, qualquer que seja.

O presidente Lula em encontro com Joe Biden nos Estados Unidos. Foto: AP /Susan Walsh 

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Salta aos olhos que Lula desfruta de condição física muito melhor do que a de Biden, e não precisa decidir neste momento sobre reeleição. O problema principal para Lula é ser vítima de sua própria visão dos fatos e as ações disso decorrentes, prejudiciais para ele mesmo.

É o caso específico do cenário econômico. Lula não parece entender os mecanismos que pioram ou aliviam o peso das questões fiscais e monetárias que balizam hoje – goste-se ou não disso – a política brasileira. E insiste em posturas que pioram as já precárias condições de governabilidade.

Ele acha que as oscilações típicas de preços de ativos – desde sempre motivadas por expectativas – não passam de “conspirações” e “especulações”, incentivadas pelo BC dirigido por um bolsonarista. E que as elites empresariais brasileiras são apenas rentistas, e fundamentalmente opostas a ele e sua preocupação com “os pobres”.

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O avanço da idade, e os fatos traumáticos recentes da vida (580 dias na prisão), acentuaram em Lula o apego a esquemas mentais que ele repete desde que surgiu na cena política, meio século atrás. É basicamente a divisão do mundo entre “eles” e “nós”, entre “ricos” malvados e “pobres e trabalhadores” vítimas, descrição que ele aplica também ao cenário internacional.

Auto centrado, e ouvindo pouca gente, Lula está preso a um passado de vinte anos atrás e a memórias que são pura imaginação. “Gasto é vida” de Dilma vem da mesma matriz dos postulados que Lula defende hoje como cerne de um programa de governo. E se recusa a admitir o que deu errado.

São profundas e, em certa medida, bastante perturbadoras algumas das mudanças ocorridas nos últimos vinte anos, entre elas as relações capital-trabalho. Assim como as sensíveis alterações na relação de força entre os poderes em Brasília, fatos que Lula não parece contemplar, ou para os quais não encontrou formas exitosas de lidar.

A senilidade da qual padece o personagem político Joe Biden condiciona o papel que ele representa na História. No caso de Lula, é a senilidade das suas ideias.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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