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Opinião | Lula perde peso na crise nacional e estatura no plano internacional

Feras políticas no Congresso entenderam que petista não tem força necessária para inverter pratos da balança

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Atualização:

A figura do presidente Lula está encolhendo a olhos vistos. Preocupante para o governo é o fato de que esse processo ocorre simultaneamente dentro e fora do País.

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Os fatores que ajudam a entender esse fenômeno político são diversos, mas possuem um denominador comum. É a dificuldade de Lula em ler corretamente os dados da realidade, problema agravado por uma figura obcecada consigo mesma, e com os olhos postos num passado distante.

Os dados da realidade doméstica estão escancarados há bastante tempo. Trata-se de uma alteração fundamental na estrutura de poder, que Lula pensa conseguir enfrentar com os instrumentos de antigamente. Num ambiente de forte resistência a ele e seu partido.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente Lula durante sessão de trabalho com líderes da América do Sul Foto: Ricardo Stuckert/PR

É evidente que não está funcionando pois o Congresso está mandando na agenda política em sentido amplo. Mas o presidente parece acreditar que mais um cargo aqui, mais uma liberação de emenda, mais uma bronca em ministros da articulação vão “arrumar” as coisas.

As feras políticas no Congresso entenderam que Lula não tem no momento o peso necessário para inverter os pratos da balança. O resultado disso é um emparedamento constante do chefe do Executivo, que insinua depositar no Judiciário as esperanças de levar adiante pautas travadas pelos parlamentares.

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Em política doméstica é normal um desgaste inicial do presidente. Chama-se dispêndio de capital político. Mas o desperdício desse capital fora do País é surpreendente, considerando o perfil muito favorável conferido a Lula antes mesmo de assumir, graças à depredação da imagem nacional promovida pelo seu antecessor.

Porém, num exemplo clássico de confusão entre interesses pessoais e interesses nacionais, Lula fez o Brasil parecer ter assumido um lado (o das autocracias) na grande contestação da ordem internacional no momento, ao mesmo tempo que se oferece como mediador de conflito no qual o País nada tem a dizer.

Seu endosso da ditadura venezuelana é um crasso erro de política externa que resulta de uma visão de mundo incapaz de entender os princípios que estão em jogo e a natureza dos grandes conflitos. Que ignora os pontos fortes e as vulnerabilidades do País, e compromete a própria capacidade de liderança na América do Sul.

O político Lula sempre se distinguiu pela capacidade de intuição, que os habilidosos nessa arena prezam mais do que preceitos morais. O veterano personagem tem deixado transparecer certa exasperação em aparições públicas. Talvez intua a diferença entre a estatura que julga ter, e a que no momento possui.

Opinião por William Waack

Jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

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