PUBLICIDADE

X de Elon Musk anuncia fechamento de escritórios no Brasil após descumprir ordens de Moraes

Rede social evitou a intimação de sua representante legal, o que gerou ordem de prisão por descumprimento de decisão judicial; plataforma se diz ameaçada por Alexandre de Moraes; Procurado, ministro não se manifestou

PUBLICIDADE

Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA - O X (antigo Twitter), rede social controlada pelo bilionário Elon Musk, anunciou neste sábado, 17, o fechamento imediato do seu escritório e o fim das operações no Brasil alegando ameaças e censura por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relata inquéritos sobre a atuação do dono da plataforma em campanhas de desinformação contra as instituições brasileiras. Em princípio, a decisão não impede que a rede continue sendo acessada no País.

Elon Musk e Alexandre de Moraes Foto: Trevor Cokley/Força Aérea dos EUA e Pedro Kirilos/Estadão

Ao comunicar o fechamento dos escritórios, o perfil de Governança Global do X ainda compartilhou uma decisão sigilosa de Moraes (veja no final do texto). No despacho, o ministro descreve que a representante legal da rede social, Rachel de Oliveira Villa Nova, agiu de má-fé para evitar intimação judicial e descumprir ordens anteriores. O ministro decretou a prisão de Rachel por desobediência a decisões judiciais, aplicou multa de R$ 20 mil por dia e determinou o seu afastamento da direção da empresa.

PUBLICIDADE

Moraes descreve no relatório que acionou o X por meio do seu canal oficial no dia 7 de agosto para bloquear perfis, mas foi informado que a rede social mudou o representante legal no País. Ainda de acordo com o ministro, a equipe de relações públicas do X informou que a nova representante da empresa era Rachel Villa Nova, porém se negou a passar o seu contato.

Moraes então expediu as ordens contra a atual por compreender que ela e a empresa agiram deliberadamente para descumprir suas decisões.

Em um comunicado publicado pelo perfil “Assuntos de Governança Global”, a big tech alega que Moraes ameaçou o seu representante legal no Brasil com mandado de prisão se não fossem cumpridas ordens no âmbito de processos que tramitam no STF. “Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”, diz o comunicado. Procurado pelo Estadão, o magistrado não se manifestou.

A decisão do X não interfere no funcionamento da rede social, que continuará a operar normalmente em território nacional. A legislação brasileira obriga que empresas estrangeiras cumpram as leis locais. O encerramento das operações implica em fechamento de postos de trabalho que se dedicavam a políticas e estratégias comerciais específicas para o Brasil. Diversas assessorias do X no Brasil foram desativadas quando Elon Musk assumiu a direção da empresa, incluindo a área responsável pela imprensa, que passou a responder demandas de jornalistas com emojis de cocô.

A plataforma atribui a responsabilidade pelo fim das operações no Brasil “exclusivamente” ao ministro Alexandre de Moraes. O comunicado publicado pelo X termina com o argumento de que as ações do magistrado são “incompatíveis com um governo democrático”.

Publicidade

Elon Musk, dono do X, é investigado no inquérito das milícias digitais sob suspeita de usar a rede social de forma dolosa para espalhar notícias falsas e atacar o Poder Judiciário.

Na própria rede social, ele se manifestou sobre a decisão, dizendo que as decisões de Moraes os obrigaria a “violar (em segredo) as leis brasileiras, argentinas, americanas e internacionais” e que, por isso, a rede, “não tem escolha a não ser fechar as operações locais no Brasil”. “Ele é uma vergonha total para a Justiça”, completou.

A lista de pedidos de informações recusadas pelo X inclui, por exemplo, os perfis da empresária Cris Arcangeli, que ficou famosa pela participação em realities, como o Shark Tank Brasil, do empresário argentino Fernando Cerimedo, que ficou conhecido ao comandar uma live com ataques às urnas eletrônicas brasileiras, da influenciadora Gabriella Labre, do publicitário Maurício Costa, do empresário Claudio Pitanga e perfis menores de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e críticos do STF (@Lucelia05700188, @Isadora6611879, @MrcioTe37532535, @Pitanga535535 e @Claudio531531). Essas contas continuam disponíveis na plataforma. Outras quatro contas citadas em decisões já toram retiradas do ar (@Suzana89716306, @brazilwasstolen, @JBBrasilli965 e @allanconta).

Confira as decisões que fizeram Musk fechar escritório do X no País:

Decisões do ministro Alexandre de Moraes contra o X por desobediência de ordens judiciais. Foto: Reprodução
Segundo trecho de decisão judicial sigilosa de Moraes exposta pelo X na plataforma Foto: Reprodução via @GlobalAffairs em X

Eduardo Bolsonaro pede que apoiadores baixem VPN pelo risco de banimento do X

O fim do escritório o X no Brasil repercutiu entre a classe política, sobretudo políticos de direita, alguns deles apostando no banimento a plataforma da internet brasileira. Com isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, compartilhou um vídeo no qual pede que os apoiadores baixem programas de VPN para simular uma localização fora o País. Com isso, continuaria sendo possível acessar o X mesmo com uma ordem de bloqueio em território nacional.

PUBLICIDADE

“Na Venezuela, o Maduro bloqueou a Rede X. Então quem está na Venezuela dá noite para o dia com o seu celular e abria a Rede X, o antigo Twitter, e não conseguia mais ver. Mas existe uma maneira de você ver a Rede X no seu celular, que é baixar um VPN. Entra na sua loja de aplicativos, seja a Apple Store, a da Google, o Android, etc., qualquer coisa. Entra lá e baixe agora um VPN. VPN é um aplicativo que mostra o seu celular em outro país. Então quando o Maduro bloqueou o X na Venezuela, as pessoas pegam o celular com VPN, ele aparece que está em outro país, e não na Venezuela, e assim elas têm acesso”, disse ele.

Veja o vídeo:

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.