O YouTube retirou de sua plataforma, nesta segunda-feira, 18, a “live bomba” que o presidente Jair Bolsonaro (PL) transmitiu em 29 de julho de 2021 - à época, ele havia prometido fazer revelações comprometedoras sobre a segurança das urnas eletrônicas, mas, ao final, apresentou alegações falsas já desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e admitiu não ter provas contra o sistema de votação. Embora removido do perfil oficial do presidente, o vídeo continua disponível em outros canais com centenas de milhares de visualizações.
Procurada, a empresa informou que exclui conteúdo que contenha alegações falsas sobre as urnas eletrônicas desde março deste ano. A remoção é feita com base em suas recém-lançadas políticas contra desinformação em eleições. Segundo nota divulgada pela plataforma, o vídeo do presidente se enquadra como exemplo do que não é mais permitido segundo as novas regras. A remoção ocorreu no mesmo dia em que o presidente reuniu dezenas de embaixadores no Palácio da Alvorada para lançar dúvidas sobre o sistema eletrônico de votação. E, novamente, o TSE rebateu um a um os elementos apresentados pelo presidente.
Estadão Verifica
“Temos trabalhado para manter nossas políticas e sistemas atualizados de forma a dar visibilidade a conteúdo confiável e reduzir a disseminação de informações enganosas, permitindo, ao mesmo tempo, a realização do debate político”, disse o YouTube.
As novas regras da plataforma determinam a remoção de “conteúdo com alegações de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados ocorreram em eleições nacionais certificadas anteriores”, ou ainda “conteúdo que afirme que os resultados certificados dessas eleições são falsos”.
Ao longo da transmissão ao vivo de julho de 2021, Bolsonaro admitiu não ter provas, mas, sim, “indícios” de irregularidades no sistema de votação brasileiro. “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Um crime se desvenda com vários indícios”, afirmou. “E digo mais: não temos prova, (quero) deixar bem claro, mas indícios de que nas eleições para senadores, deputados, pode ocorrer a mesma coisa. Por que não?”
Naquela ocasião, a principal bandeira do presidente a respeito das eleições era a adoção do voto impresso, defendido por ele várias vezes durante a transmissão. Mais adiante, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelecia o voto impresso foi rejeitada no Congresso.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.