O ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT, José Dirceu, avaliou que a última eleição na Venezuela, que reelegeu o ditador Nicolás Maduro, foi “segura” e “inviolável”. Ele reconheceu Maduro como “vitorioso” e comparou as alegações de fraude, feitas pela oposição venezuelana e pela comunidade internacional, àquelas feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo americano Donald Trump e pelo ex-deputado Aécio Neves (PSDB), quando foram derrotados.
Dirceu afirmou que o discurso de desconfiança das urnas foi suscitado pela oposição e que os votos impressos garantiram a confiabilidade do pleito, apesar de as atas de votação naõ terem sido divulgadas. Além disso, levantou suspeitas de que os opositores do regime tenham ligações com o que chamou de imperialismo dos Estados Unidos e pretensões golpistas. “Precisamos aguardar a conferência das atas e não dar razão à oposição, muito menos às manifestações violentas”, disse.
Dirceu foi condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão no esquema do mensalão. O esquema consistia no pagamento de mesadas a parlamentares para assegurar apoio à base governista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2004. Em 2016, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso concedeu indulto ao ex-ministro da Casa Civil no âmbito do mensalão, mas ele permaneceu preso em razão de penas oriundas da Lava Jato.
Em 2016, o então juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR) condenou Dirceu a 23 anos de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pela acusação de ter recebido propina em um contrato da Petrobras. No ano seguinte, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) diminuiu a pena para oito anos e 10 meses. Em maio deste ano, o STF anulou a pena em razão da idade do político, de 76 anos, o que faz a pena prescrever.
Conforme mostrou o Estadão, Dirceu pretende se candidatar a deputado federal por São Paulo em 2026, mas irá bater o martelo somente no segundo semestre do próximo ano. Até lá, ele vai apoiar os candidatos do PT nas eleições municipais e, em seguida, participar da renovação do partido.